O que fazer com o meu tablet?
Tenho visto um movimento significativo no sentido de levar a tecnologia para as salas de aula. Esse movimento, entretanto, ainda tem seu foco na infraestrutura, ou seja, nos equipamentos. O fato é que isso é apenas o começo do processo. A grande maioria dos nossos docentes não sabe mesmo o que fazer com eles, quando o recebem.
Escrevi um artigo para a revista Gestão Educacional sobre o assunto e gostaria de compartilhá-lo com você, caro frequentador desse blog.
O que eu faço com o meu
tablet?
Por Marcelo Freitas
Tenho certeza
de que a pergunta do título é uma daquelas que a maioria dos professores
gostaria de fazer ao receber esse objeto de trabalho “modernoso”, das mãos do
diretor da escola. Isso mesmo... ferramenta de trabalho. Evidente que nem todas
as escolas ainda incorporaram o equipamento às suas práticas educativas e,
assim, nem todos os professores ficaram de saia justa. Ainda.
Depois de
muitos e muitos anos, a tecnologia que batia à porta das escolas recebeu
permissão para entrar. Não que tenha sido fácil. Acredito mesmo que quem girou
a maçaneta foram os alunos e aí...
O fato é que
agora esses equipamentos estão pousando nas mesas e carteiras das salas de
aula. Bom? Certamente. Eficaz? Ainda é cedo para dizer. Isso porque o
equipamento é apenas o meio e não o fim do processo. Para que seja de fato
eficaz é preciso que os professores saibam operá-lo com maestria. É fundamental
que saibam extrair dele o melhor e, principalmente, que definam que conteúdo
será colocado lá dentro e o que fazer com ele na sala de aula.
A equação não
é fácil. Se o processo de encaixá-lo no material didático está sendo
parcialmente “resolvido” pelas redes de ensino (embora a maioria tenha apenas digitalizado
seu material apostilado e depositado no equipamento, substituindo a papelada
pelo conteúdo em bits e bytes), a maneira com que será utilizado em todo o seu
potencial ainda é uma questão a descoberto.
A nova mídia
requer outros conceitos de aprendizagem e novas metodologias de apresentação
dos conteúdos, centradas nas hipermídias. Não é apenas a transposição do papel
para a telinha. Isso não funciona. É preciso dar dinâmica aos conteúdos, manter
o pique multitarefa dos alunos. Envolver e mesclar vários temas simultaneamente.
Fazer essa geração de antenados manter a concentração não é mole.
E nesse
aspecto o que se vê é uma carência conteúdos concebidos para o uso pedagógico nas
mídias digitais. Não é por acaso que as aulas no YouTube fazem tanto sucesso,
com milhões de acessos. Mas é preciso pensar maior. É importante explorar, e
integrar, não somente as possibilidades de tablets e notebooks, mas também dos
celulares. Eles são uma poderosa ferramenta para a aprendizagem. Fazer pequenas
tarefas ou jogar em rede com os colegas pode ser uma fonte inesgotável a
explorar. E para isso não basta apenas o conteúdo. É preciso forma,
interatividade, criatividade, desafio.
Nesse
particular, os jogos saem na frente. Se aproveitados com imaginação, eles podem
se transformar numa excelente ferramenta de ensino. E é aqui que o papel dos
educadores se torna fundamental. É deles que deve partir a iniciativa de
transformar e adaptar o conteúdo dos currículos aos jogos e aplicativos. E isso
pode ser feito de imediato, pois existe uma enormidade de games nas prateleiras
das grandes livrarias capazes de preencher espaços significativos na aquisição
de habilidades e competências.
Um exemplo?
SimCity. Esse famoso game é a simulação de uma cidade em construção. Nela o
jogador assume a posição de prefeito e, a partir daí, é colocado em contato com
uma gama de situações e problemas. Já imaginou que potencial de aprendizagem
para competências e habilidades como planejamento, tomada de decisão, gestão de
recursos, definição de prioridades etc...etc.... ? E em relação aos conteúdos
específicos, como geografia e matemática?
Na linha dos
simuladores, existe ainda uma infinidade de outros títulos que podem ser
trabalhados na perspectiva multidisciplinar, envolvendo desde a gestão de
clubes de futebol e basquete, até simuladores de vôo e construção de ferrovias,
passando por jogos de estratégia e conhecimento. Enfim, um mundo de opções a
explorar.
No frigir dos
ovos, não está faltando tanto assim. Falta apenas mais criatividade para sair
da mesmice. Educadores, segurem suas manetes e boa viagem.