Escola Estúdio: Uma
experiência no Reino Unido
Em todo o
mundo, há um consenso crescente de que os nossos sistemas de educação estão
quebrados. Não são poucos os educadores que nos oferecem lições de como podemos
re-imaginar a escola. Essas ideias e experiências, entretanto, ainda que
apresentem resultados positivos, não têm sido capazes de convencer os
conservadores do “cuspe e giz” nem quebrar os paradigmas retrógrados, sempre
reforçados pelo corporativismo vigente. Mas contra fatos não há argumentos.
Vejamos.
Temos hoje
dois grandes problemas centrais em se tratando de escolas. De um lado,
estudantes entediados com o modelo educacional que não os desafia nem os
convence a ter gosto em ir para a escola. Do outro, somos brindados com um
contingente elevado de jovens despreparados para a vida e o mercado de
trabalho, como resultado do processo educacional proporcionado por essas escolas.
Então temos
de nos perguntar: Que escola é essa em que os jovens lutam para entrar mas não
estão lutando para permanecer? Que escola é essa que anda em descompasso com o
mundo? Alguma coisa está errada, certamente. Então pergunto eu: e por que não
mudamos?
Essas
perguntas ecoam mundo afora e foram objeto de um projeto educacional no Reino
Unido, alavancado pela “Young Foundation”[1],
uma organização que se propõe apresentar um instrumental na condução
pensamento, ação e mudança na inovação social no Reino Unido e no exterior,
inclusive em áreas como a educação. O projeto denomina-se Escola Estúdio. Ele
parte de constatações concretas que, assim como lá, também são verdades em
terras tupiniquins.
Através de
pesquisas, os educadores locais constataram que um grande número de jovens:
- Aprende melhor fazendo;
- Aprende ainda mais, fazendo coisas “de verdade”;
- E apresentam melhor rendimento quando trabalhando em
grupo.
Ou seja,
exatamente de maneira oposta ao que as nossas escolas, de modo geral, têm como
premissas nos seus modelos de ensino-aprendizagem, assim como nas suas ações
pedagógicas. Conteúdos desconectados da realidade prática e conceitos meramente
teóricos são a base dos nossos sistemas de ensino atuais.
Daí que esse
grupo de pesquisadores e educadores resolveu virar a educação pelo avesso. Partiram
para a execução do projeto, construindo um protótipo. Ao colocarem em prática o
modelo, identificaram o que deu errado e aprimoraram o sistema, tornando-o mais
eficiente. Ainda assim, com o projeto ainda em fase de adaptações, perceberam
que os jovens o amaram.
A percepção dos
alunos que passaram pela experiência é de que, dessa maneira, o processo de
aprendizagem é mais motivador e mais estimulante. A escola passou a ser um
lugar de desafios e conquistas. Um lugar mais atraente e muito mais prazeroso,
portanto.
O resultado é
que, dois anos depois de implantado o projeto, os alunos que estavam nos grupos
de pior performance saltaram para o topo da lista e engordaram o quartil mais
alto.
Mais
interessante ainda é que este projeto aconteceu sem o apoio da mídia e sem
grande apoio financeiro, também. Espalhou-se pelo boca-a-boca, de forma viral,
por professores, pais e pessoas envolvidas com a educação. Ganhou adeptos, em
suma, pelo poder da ideia de virar a educação pelo avesso e pela força de
vontade de pessoas que se empenharam em “fazer acontecer”.
A principal
mudança no paradigma foi pegar coisas que eram superficiais no modelo atual,
como trabalho em equipe e projetos práticos e colocá-los no núcleo da
aprendizagem, ao invés de nas margens.