terça-feira, janeiro 18, 2011

Sociedade e Política


Dinheiro pelo ralo...

Pagar imposto é uma obrigação de todo cidadão responsável. Aliás, os impostos se constituem num dos pilares do regime democrático. Sua lógica é simples: os que têm mais contribuem com uma parcela maior que os que têm menos e, juntos, cada um ajuda a manter os serviços essenciais a uma vida em sociedade. Se almejamos uma sociedade mais justa, que permita aos seus cidadãos, inclusive os mais simples, acesso à saúde, educação e segurança, dentre outras coisas, então o imposto é uma alternativa interessante.

Mas a democracia também tem o seu lado justo. Ela impõe uma contrapartida. A da eficiente gestão desses recursos. Ela parte da premissa de que os governantes sejam competentes, éticos e honestos o suficiente para gerir toda essa riqueza. Acontece, porém, que no Brasil, é justamente nesse ponto que a coisa se complica.

Um exemplo recente? A tragédia de verão que vem assolando os estados da Região Sudeste. Ela apenas corrobora a irresponsabilidade dos nossos políticos na gestão dos recursos públicos. Pagar o mensalão, tudo bem. Mas gastar com infraestrutura, aí não dá, não é?

O exacerbado populismo do governo recente e a ineficiência de tantos outros que exerceram o poder anteriormente, apenas deixaram clara, nos acontecimentos recentes, a falta de compromisso para com aqueles que depositam, compulsoriamente, parte do seu minguado dinheirinho nos cofres públicos.

Mas alguns movimentos recentes da sociedade, mesmo em meio à dor da tragédia, me deixaram um pouco mais animado. Pessoas, inúmeras pessoas, como é da índole do povo brasileiro, têm procurado ajudar os desabrigados, encaminhando suas doações. E nessa ação, dois fatos me chamaram a atenção.

Fato velho: Grande parte das doações foi desviada pelas mãos leves de políticos e gestores públicos para locupletarem-se. Simplesmente não chegaram ao seu destino final. Isso já não é novidade, certo?

O fato novo: Um número crescente de doadores tem buscado contribuir utilizando organizações confiáveis, como intermediárias. Leiam-se, organizações não governamentais, como a Cruz Vermelha e outras tantas!

Bingo! Ponto para a democracia! É por esta terceira via (organizações que não são públicas, nem privadas) que as contribuições chegam, de fato, às mãos dos que delas necessitam. Um caminho menos tortuoso, com menos acidentes de percurso.

Por analogia, eu pergunto: já pensaram se pudéssemos fazer isso com os nossos impostos? Direcioná-los às instituições sérias que fariam bom uso do nosso dinheiro, ao invés de abastecermos contas bancárias de corruptos nos paraísos fiscais; pagar pelo aparelhamento e inchaço dos cargos públicos ou pagar por um novo avião para o presidente? Lembro que o valor hoje permitido pelo imposto de renda para doações é ínfimo...

Tenho certeza de que, ao contrário do que acontece quando pagamos nossos impostos, receberíamos uma prestação de contas confiável, veríamos resultados concretos da nossa ação e, finalmente, não teríamos a sensação de desfilarmos com aquela bolinha vermelha no nariz, sempre que catástrofes como as do Rio acontecem ou quando mais um escândalo promovido pelos nossos políticos toma conta dos noticiários. Então,vamos nos mexer?

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