O ano de 2013 no segmento
educacional

Apesar do descompasso entre o ambiente educacional e o “mundo real”,
agora encorpado também com o ambiente virtual, algumas experiências mais
arrojadas começam a pipocar mundo afora. E isso é muito bom.
No meu entendimento, o atual cenário educacional nos remete a dois grandes
desafios: entender o novo paradigma do processo de aprendizagem e incluí-lo no
modelo educacional e, concomitantemente, tornar sustentável o modelo de
negócios necessário a torná-lo realidade.
O advento do livre acesso ao conteúdo proporcionado pela tecnologia, tornou
evidente o que todos já sabiam. Cada pessoa tem sua própria maneira de
aprender. Uns pesquisando sozinhos, outros trabalhando em grupo. Alguns com
tutoria, outros usando a criatividade. Somos diferentes. O grande desafio,
portanto, é tornar a educação “sob medida” uma realidade.
Experiências nesse sentido estão acontecendo e mostrando que isso é
possível. Partindo do pressuposto de que cada aluno tem necessidades diferentes
e aprende de maneira própria, o projeto School
of One[1],
desenvolvido numa parceria entre o governo americano e empresas de ponta no
segmento de tecnologia, tem proporcionado resultados de aprendizagem até 30%
acima da média dos modelos convencionais.
Do outro lado do planeta, a “Young
Foundation”, uma organização que se propõe apresentar um instrumental na
condução do pensamento, ação e mudança social no Reino Unido em áreas como a
educação, vem desenvolvendo o projeto denominado Escola Estúdio. Ele parte de constatações
concretas baseadas em pesquisas. Através delas, os educadores locais
constataram que um grande número de jovens:
·
Aprende melhor fazendo;
·
Aprende ainda mais, fazendo coisas “de verdade”;
·
E apresentam melhor rendimento quando
trabalhando em grupo.
Com o projeto ainda em fase de adaptações, a percepção dos alunos que
passaram pela experiência é de que, dessa maneira, o processo de aprendizagem é
mais motivador e mais estimulante. A escola passou a ser um lugar de desafios e
conquistas. Um lugar mais atraente e muito mais prazeroso, portanto.
O resultado é que, dois anos depois de implantado o projeto, os alunos
que estavam nos grupos de pior performance saltaram para o topo da lista e
engordaram o quartil mais alto.
Ainda no Reino Unido, a Steve
Jobs School tem trabalhado com a introdução de ferramentas tecnológicas
dentro das salas de aula de uma maneira contextualizada e eficaz.
Na Suécia, uma empresa que opera cerca de trinta escolas ameaça
revolucionar completamente o modelo convencional. Os centros docentes de Vittra não são escolas usuais. Essa rede
de escolas considera que o modelo educacional deve mudar completamente e, por
isso, mesmo propuseram acabar com as salas de aula. O objetivo é incentivar a
criatividade dos alunos e tornar concreto o fato de que qualquer lugar é bom
para se aprender.
Os alunos dessas escolas não são regidos pelos mesmos princípios que o
sistema educacional convencional, nem estão organizados em torno de temas e
lições de vida. Sua filosofia está comprometida com a tecnologia intensiva,
educação bilíngue e aprendizagem baseada na experiência. Para fechar, propõe um
sistema educacional capaz de recriar ambientes de aprendizagem baseadas na vida
real.
Embora essas e outras experiências estejam dando partida a uma mudança
de conceitos educacionais, é fundamental rever os paradigmas também no negócio
chamado escola. Nesse aspecto, o ano de 2013 introduziu uma nova realidade com
a qual, por anos, já sinalizávamos. As escolas entraram, definitivamente, numa
era de competição global. O tempo em que o seu concorrente era a escola ao
lado, meu caro gestor, está indo embora. Acredito que a grande “novidade” no
ambiente educacional são os MOOC’s – Massive Open Online Courses.
Essa modalidade introduz, definitivamente, a concorrência em escala
mundial. Tanto as escolas, quanto seus profissionais, estarão diante de fortes
adversários na arena de negócios e no próprio mercado de trabalho. O professor
da sua escola concorre agora com aquele profissional da Harvard, Yale, MIT...
Os MOOC’s colocam à disposição de pessoas do mundo inteiro cursos de
altíssimo nível a custos irrisórios ou, em sua maioria, gratuitos. E é aí que
surge a outra variável: sustentabilidade. Como deve ser o modelo de negócios
para sustentar esse novo tipo de empreendimento? Como concorrer com produtos
educacionais de alto valor agregado que nada custam e ainda tornar a escola
rentável?
Meus caros gestores e educadores sinto dizer-lhes que a chapa está
esquentando... que venha 2014!
* Comentário escrito para a edição especial da Revista Linha Direta/dez 2013
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