Posse de bola não é gol.
Como as escolas podem melhorar a gestão de seus processos escolhendo os
indicadores adequados.
No inverno de 2014, o Brasil era tomado por uma bolha de
euforia. Em meio às crises políticas e um noticiário econômico nada animador, o
circo do futebol fazia unir ideologias antagônicas em torno da seleção
brasileira de futebol. A Copa do Mundo era a cortina de fumaça que trazia a
alegria de volta ao cenário tupiniquim. Era a pátria de chuteiras em campo.
Se não encantava pela magia da seleção de Telê Santana, o
“selecionado canarinho” avançava no torneio e chegava às semifinais contra a
simpática, e politicamente correta, seleção da Alemanha. O palco não poderia
ser mais acolhedor. Mineirão lotado, hino nacional cantado à capela e um belo
horizonte como moldura. Mas...
Se hoje um extraterrestre fizesse um “pitstop” no Brasil e pegasse um dos jornais da época, lá
encontraria os principais números do jogo:
- · Posse de bola: Brasil, 52%. Alemanha, 48%.
- · Chutes a gol: Brasil, 18 . Alemanha, 14 .
- · Faltas cometidas: Brasil, 11. Alemanha, 14.
- · Impedimentos: Brasil, 3. Alemanha, 0.
- · Minutos com a bola: Brasil, 32. Alemanha, 30.
O ET não teria dúvidas em adivinhar a sequência. Enfim,
Brasil na final. Mas todos sabemos, amargamente, não foi bem isso o que
aconteceu. Alemanha 7, Brasil 1.
Esse episódio nos leva a pensar em uma situação muito comum
no mundo corporativo, e a escola não está fora dele. A eleição de indicadores
de performance para auxiliar a gestão da
organização na tomada de decisões. É a partir do seu monitoramento, que
muitas delas traçam planos estratégicos, conferem o andar dos processos,
definem as prioridades e estabelecem objetivos e metas.
Acontece porém que, em muitos casos, esses indicadores com o
tempo se afastam dos reais fatores de sucesso de uma organização. Isso faz com que
as lideranças passem a buscar a melhoria do desempenho em processos que já não
são mais relevantes para o resultado, em virtude de mudanças no ambiente, seja
ele interno ou externo.
O exemplo da nossa seleção fala bem de perto nesse caso, e
serve para mostrar esse desvio. O objetivo do jogo de futebol é fazer gol, e
tentar não levar. Mas muitos técnicos se prendem a estatísticas como essa para
justificar o injustificável. Aproveitando a contundência do placar naquela
fatídica partida, é importante ressaltar algumas lições importantes que podemos
levar para a escola:
Posse de bola não é
gol. Qual seleção foi mais eficiente: o Brasil, que se manteve o maior
tempo com a bola nos pés, mas não foi capaz de converter isso em gols, ou a
Alemanha, que mesmo não tendo superioridade na posse da bola, foi objetiva em
transformar as oportunidades que teve em vantagem no placar? Isso se chama foco
no resultado!
Chute a gol não conta
ponto. Tentar, apenas, não adianta. É preciso eficiência nos processos para
gerar resultados. Treinar a equipe, tendo como base o objetivo final, é
fundamental. Agregar valor é uma missão de todos no time, cada um na sua esfera
de competência. E nesse ponto é preciso que haja eficiência e produtividade.
Impedimento é
retrabalho. Quando um jogador é pilhado em impedimento, todo o trabalho de
construção da equipe é jogado por terra. A falha de posicionamento de apenas um
atleta representa o mesmo que a existência de um elo fraco no processo. Daí a
necessidade de ter todas as atividades alinhadas com a proposta de valor da
organização, neste caso particular, os processos que realmente são necessários
à eficiência da escola.
Em todas essas questões, um bom planejamento, e um olhar
crítico sobre a necessidade de cada processo existente, são fundamentais. Nesse
aspecto, é importante que haja desprendimento dos gestores para abandonar
práticas obsoletas quando se constata que o ambiente mudou. Em muitos casos, é
preciso promover a disrupção, abandonar definitivamente processos e modelos que
tornaram aquela escola um expoente durante muitos anos, mas que já não conseguem
mais responder à proposta de valor da escola junto aos seus clientes.
Para tornar mais ágil e eficiente essa análise, o auxílio de
recursos tecnológicos, hoje disponíveis em abundância, tornam o trabalho mais
assertivo, reduzindo o risco implícito nas decisões. Alguns deles, como o
Panorama Escola, uma plataforma que agrega recursos de pesquisa e dashboard de
gerenciamento de indicadores, podem encurtar a distância entre a obsolescência
e a efetividade. Essa plataforma, criada pela Corporate*[1],
utiliza conceitos de business
intelligence, permitindo ao gestor cruzar dados internos e externos para
avaliar possíveis desalinhamentos e mudanças de rumo do mercado.
Assim como um técnico de futebol, os gestores educacionais devem
ter em mente o foco principal e os objetivos a serem alcançados. Pesquisar,
analisar e acompanhar os processos-chave por meio de indicadores eficientes,
faz com que suas decisões não se baseiem em uma cortina de fumaça.
Ao contrário, trabalhar com afinco para tornar melhores
velhos processos que foram sucesso no passado, mas não agregam valor à demanda
atual da escola, significa investir nos “impedimentos” e nas “bolas chutadas
para fora”. E a escola não pode ser eficiente em tomar de 7 a 1, não é mesmo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário