terça-feira, novembro 21, 2023

Educação e novos entrantes

 Modelos híbridos podem salvar a educação?

 

por Marcelo Freitas

Vivemos um mundo de contradições. Do lado de fora das empresas, centenas de pessoas formam filas em resposta ao anúncio de emprego. Do lado de dentro, um número significativo de postos de trabalho permanece desocupado em virtude da falta de pessoal qualificado para preenchê-los. Nas escolas, prega-se a formação para a cidadania, mas a maioria delas só instalou rampas de acesso para portadores de deficiência física por força de lei. Código de ética e práticas de ESG inseridos na sua gestão, nem pensar.


A questão fundamental é que esse mundo de contradições está em constante mutação. E no segmento educacional este fato, por si só, já é uma dessas contradições. Apesar de tantas mudanças, e tantos avanços, a escola prima por preservar métodos e práticas que se reproduzem, imutáveis, ao longo de décadas. A inovação não é uma premissa, justamente aqui, onde ela deveria brotar e florescer. Outros setores da economia e da sociedade, de um modo geral, funcionam como a locomotiva da evolução. E, neste trem, as instituições educacionais cumprem o papel reservado aos últimos vagões.

Para entender tudo isso é importante avaliarmos o contexto onde funciona o empreendimento “escola”. Analisar como as novas tecnologias e costumes impactam esse empreendimento e o que demandam, em termos de logística, insumos e recursos, significa averiguar a arena competitiva do mercado educacional, a ofensiva de concorrentes e entrantes potenciais e o surgimento de novos serviços ou produtos substitutos. Assim recomendaria Michael Porter.

Em mais uma contradição, projetos educacionais elaborados por organizações da sociedade civil e financiados com recursos da iniciativa privada, começaram a ganhar espaço. Eles ganharam força em decorrência do surgimento da gestão socialmente responsável, na pauta das empresas. No espaço onde habitam as escolas tradicionais, surge então mais um vizinho: as ONG's.

Embora ainda sem o mesmo peso das escolas tradicionais, essas instituições, geridas com profissionalismo e sustentadas por um novo modelo de negócios, começaram a dividir uma fatia de mercado antes ocupada por instituições públicas ou privadas. Diante desse movimento, as operações tradicionais estão sendo chamadas a reverem seus processos em busca da necessidade de redução dos custos operacionais e da diferenciação dos seus serviços.

Nessa perspectiva, o provimento de recursos pede criatividade e não pode mais recair sobre uma única fonte: a das mensalidades no caso das escolas particulares e das verbas públicas, no caso das instituições mantidas pelo Estado. É importante que, a exemplo dos projetos alavancados pelas ONG’s, a sustentabilidade das instituições educacionais seja resultado de um mix criativo de receitas. E elas dependerão, cada vez mais, da oferta de novos serviços de valor agregado e um marketing de posicionamento bem delineado.

Entender, portanto, essa nova dinâmica da arena competitiva e de seus protagonistas, é um fator decisivo no processo de gestão educacional. Além de absorver os conceitos de sustentabilidade, desenvolver novas relações com outros segmentos é primordial para gerar valor. Alianças estratégicas com empresas de tecnologia, entretenimento e comunicação formarão o ponto de convergência da Educação deste século e os novos pilares para uma escola diferenciada.

 

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