terça-feira, novembro 07, 2023

Perfil

 

Um novo educador

por Marcelo Freitas

Novas metodologias, alta tecnologia e mudança no ambiente social reivindicam um novo perfil de professor. 


O mundo vive o surgimento de novos desafios, novos problemas e novas maneiras de resolvê-los. É natural que nessa esteira, surjam também novas atividades e formas de trabalho, o que implica em novas profissões.

Se novas surgem, antigas vão ficando pelo caminho e outras buscando adaptar-se aos novos tempos. Entre essas profissões está, sem dúvida, a de professor. O perfil do educador tradicional, aquele que entrava em sala de aula, fazia a chamada e começava a discorrer sobre sua disciplina já não atende mais. As mudanças na forma de ensinar e aprender sofreu uma verdadeira revolução, tanto em virtude dos avanços da tecnologia quanto do próprio perfil da sociedade. Mas isso não é tudo. A evolução do conceito de escola como um empreendimento, também está esbarrando nos limites da atividade do professor.

A necessidade de inovação nos métodos educacionais e a visão mais empresarial da escola, estão produzindo alterações no perfil do educador. Aos poucos, os profissionais estão sendo forçados a absorver uma postura mais empresarial, no sentido de identificarem no aluno um cliente, na amplitude da palavra. Um indivíduo que deverá merecer sua atenção, não somente naquilo que lhe é óbvio, como alguém que deseja aprender e aplicar o que aprende, mas principalmente, que apresenta expectativas em relação ao tratamento que recebe da escola. Caberá também a ele, educador, identificar essas expectativas e satisfazê-las. Surpreender o aluno e encantá-lo com ações que, antes, seriam classificadas como tipicamente mercadológicas. Como enviar-lhe um cartão eletrônico no dia do seu aniversário, por exemplo. Ou curtir a sua página numa rede social. Em breve, é possível que a própria empregabilidade desse profissional esteja ligada a esse tipo de atitude.

O educador escolar começa a perceber, pouco a pouco, que o papel de manter o aluno nos bancos da escola também lhe cabe. Afinal, é ele quem paga os seus salários. Às atividades e responsabilidades pedagógicas vão se juntando papéis administrativos e preocupações de caráter mais institucional. Com a introdução de ferramentas gerenciais como a previsão orçamentária, por exemplo, será comum a preocupação do professor com o custo de suas aulas, as despesas com o material que é gasto e a preocupação com ganhos de produtividade.

Também não é por acaso que sua remuneração estará, cada dia mais, alinhada às práticas usadas nas empresas de outros segmentos como, por exemplo, a recompensa baseada na performance, no atingimento de metas, na participação pelos resultados, na habilidade de captar e reter clientes. Neste caso específico, alunos.

Em resumo, as escolas serão inundadas com a habitual tecnologia utilizada em outros segmentos e pela gama de serviços adjacentes a que os consumidores estão habituados. Nesse aspecto, o próprio formato das “aulas” tende a sofrer ainda mais mudanças. Salas e professores virtuais, e, quem sabe, holográficos. Por outro lado, esses mesmos profissionais deverão ser mais envolvidos pelas escolas em assuntos administrativos, na mesma intensidade com que exercem a função de orientadores do conhecimento.

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