terça-feira, outubro 27, 2009



Oxigênio para a educação



O ex-ministro e atual secretário da Educação de São Paulo tem defendido reformas significativas no segmento, como a introdução das avaliações e da meritocracia. Parabéns pra ele.


Também defende a mudança de visão dos líderes sindicais da categoria docente, onde impera o corporativismo e o assistencialismo. Outro ponto pra ele.


Algumas das empresas brasileiras de maior desempenho apresentaram, num passado recente, os cinco principais fatores que justificaram seu crescimento constante – e com lucro. O caminho seguido por elas tem demonstrado que boa gestão e uma visão consistente do negócio, não só representa resultados no curto prazo, como também impulsiona o crescimento sustentado, permite investimentos e proporciona retorno aos acionistas:

> Meritocracia;
> Inovação;
> Senso de Oportunidade;
> Moderação;
> Conhecimento dos clientes.

Olhando assim parece uma fórmula simples... O fato é que sua aplicação exige trabalho, coerência nas ações, investimento da liderança e foco. Qual seria a postura de um dirigente escolar diante dessa agenda? Façamos, então, uma breve avaliação de algumas das práticas do segmento educacional à luz desses fatores.

Meritocracia – é a capacidade de reconhecer e recompensar os melhores colaboradores. Ao contrário das empresas de ponta, quantas de nossas escolas possuem planos de reconhecimento e remuneração variável para os seus profissionais? Na visão das instituições educacionais, incentivadas pelo conservadorismo dos sindicatos, docentes devem receber por horas-aulas, seja aquele professor acomodado ou o que carrega a turma junto com ele. Seria esse o melhor modelo?

Inovação – São as pequenas inovações, e não aquelas estrondosas, as que de fato garantem a continuidade do crescimento. Nesse particular, exceção de alguns ilhas cujas práticas são mais arrojadas, falar em inovação na educação é permitir-se pensar o impensável... Ainda que em pequenas doses, as escolas primam por reprisar fórmulas que hoje não apresentam mais resultados, face à evolução da sociedade e os avanços da tecnologia. Por que não ampliar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento?

Senso de Oportunidade – Estar no lugar certo na hora certa não é suficiente. Persistir na busca de novas possibilidades é um posicionamento que a maioria das lideranças educacionais ainda não se dispuseram a fazer com assiduidade. Basta ver que uma grande parte delas não conhece, sequer, a comunidade onde estão inseridas nem possuem um planejamento estratégico. Por que não trabalhar junto a esta comunidade para descobrir novos caminhos e espaços de crescimento?

Moderação – As empresas que crescem de maneira contínua não apresentam sobressaltos. Ao contrário, crescem de maneira segura e saudável. Evitam grandes fusões e aquisições. O efeito cumulativo das idéias surge como melhor opção a longo prazo. Pensar os segmentos da escola como unidades de negócios, por exemplo, pode proporcionar análises mais apuradas e gerar incrementos mais sólidos para os serviços prestados.

Conhecimento dos Clientes – Conseguir faturar mais a partir da mesma carteira de clientes mostra-se um ótimo fator para um crescimento continuado, segundo se apurou na pesquisa junto às empresas. Para isso, conhece-los é fundamental. Quantas são as escolas que realmente têm o hábito de aplicar pesquisas junto aos seus públicos e se debruçar sobre os resultados com a preocupação de melhor servi-los? Caminhar nesse sentido pode ser uma ótima oportunidade para ampliar o alunado e aumentar seus resultados de forma contínua.

Ao olhar esses fatores, entretanto, é significativo considerarmos as particularidades do segmento educacional como um todo e da escola em particular, pois suas nuances são fundamentais na formulação da estratégia de crescimento da instituição. Não podemos analisá-la como uma ilha, imune ao ambiente onde se insere. O mesmo pai que procura a secretaria da escola é aquele acostumado a ser bem tratado na loja ou no banco. É também aquele acostumado às facilidades dos serviços online; a ser paparicado pelas agências durante a viagem de férias; aos benefícios de um bom atendimento por telefone.

Empreender uma trajetória de crescimento constante é um processo a ser construído no dia-a-dia, visando o longo prazo. Ações devem pautar-se na coerência da gestão para formar bases sólidas de sustentação visando o engajamento da equipe. Os processos, por sua vez, devem estar alinhados e em sintonia para que produzam o efeito desejado, convergindo todos eles para o alcance dos objetivos estabelecidos.

É assim, mirando nas boas práticas de outros segmentos, que poderemos encurtar caminhos para criar escolas que sejam verdadeiros centros de excelência.