quarta-feira, fevereiro 25, 2015

A Escola Responsável e a sustentabilidade energética

Por Marcelo Freitas

A situação crítica de abastecimento de energia elétrica que explodiu logo no início deste ano não é consequência apenas da falta de chuvas. Esse fator só fez agravar a situação. Durante as últimas décadas o crescimento populacional, as necessidades de irrigação da agricultura e maior utilização da água nas indústrias, aumentaram o consumo desse precioso líquido. Como este é também o principal combustível de nosso sistema elétrico e não houve um aumento proporcional da capacidade de armazenamento dos reservatórios das hidrelétricas, a matemática da água não fecha: a vazão de nossos rios tem que atender a uma demanda cada vez maior de usos não energéticos. Esses fatos são mais evidentes em regiões mais densamente povoadas, como o sudeste.

Além da população amplamente afetada, as empresas também o são. E nesse caso, as escolas não fogem à regra. Sabemos também que existe uma crescente cobrança da sociedade para que as empresas atuem de forma responsável, do ponto de vista da utilização de seus recursos, entre eles, os energéticos. Acontece, porém, que é justamente nas salas de aula que nossos jovens aprendem sobre sustentabilidade. Mas integrar ações de cidadania empresarial à estratégia de gestão das organizações, e em especial das escolas, tem sido um exercício de amadurecimento contínuo.

Nos segmentos produtivos da cadeia empresarial essa mudança de consciência tem se alastrado em ritmo mais acelerado mas, no caso das escolas, ele precisa ser intensificado, pois assume ares de condição. Pressuposto do seu cotidiano e ponto indispensável no seu mapa estratégico, pois é ali, na escola, que preparamos as novas gerações.

E educação é, reconhecidamente, o melhor caminho para oferecer respostas a problemas como a preservação ambiental e as desigualdades sociais, a má utilização dos recursos naturais e públicos, a formação da consciência em relação ao meio ambiente, à ética e à biodiversidade.

Nesse particular, com seu potencial técnico, experiência no campo da pesquisa e capacidade de multiplicação, as instituições educacionais podem, e devem, contribuir mais incisivamente para o desenvolvimento sustentável. Elas têm de assumir seu papel de agente de transformação cultural. Devem, portanto, praticar a chamada “gestão responsável”.

Nessa perspectiva, o Movimento Escola Responsável[1] vem buscando articular iniciativas e projetos que ajudem efetivamente as escolas a transpor obstáculos e vencer desafios no sentido das práticas de cidadania corporativa. E o projeto mais recente foi justamente buscar alternativas para a eficiência energética das escolas.

Mas o que é eficiência energética? A eficiência energética consiste em obter o melhor desempenho na produção de um serviço com o menor gasto de energia possível. Como exemplo de ação nesse sentido está a modernização de equipamentos e processos de uso de energia alternativa, como a energia solar e eólica. Os programas voltados para o consumo consciente também contribuem para a economia.

Um bom projeto de eficiência energética é um conjunto de medidas bem definidas que, quando implantadas, levarão a uma redução, previamente determinada, dos custos de consumo de energia.

E no caso das escolas, como isso pode ser feito? Para auxiliar as escolas a desenvolver esse tipo de ação, que envolve serviços de simulação computacional, estudos de iluminação natural, conforto térmico, sombreamento, consumo e custos operacionais e de viabilidade técnica da utilização de energias renováveis, o Movimento Escola Responsável buscou uma parceria competente e certificada nessa área, de maneira que as escolas possam ser orientadas a respeito. Através da parceria, as escolas podem ter uma avaliação das possibilidades de redução do consumo e, consequentemente, dos seus custos com energia.

A parceria viabiliza e elaboração de um projeto de eficiência energética para as escolas interessadas em reduzir seus gastos com energia. Esses projetos envolvem ações em diversas etapas, como avaliação do desempenho energético da escola, a identificação e comparação de soluções e cenários e ainda a implementação de soluções e estratégias, sempre objetivando proporcionar a redução do consumo e o uso racional de energia para diferentes tipos de utilização. Através de normas de desempenho e certificações, por exemplo, podem-se verificar os níveis de desempenho ambiental, eficiência energética e sustentabilidade atingidos por uma edificação.

O projeto, em resumo, aponta sugestões de viabilidade tecnoeconômica de implantação, incluindo as especificações técnicas, o “project finance”, equipamentos, materiais e serviços. Além disso, é possível agregar o gerenciamento do projeto, com o processo de implantação dessas ações, e a gestão dos resultados, após o término das intervenções.  Tudo isso mantendo-se intacta as atividades da escola e a qualidade dos serviços educacionais.

Assim sendo, qualquer escola pode ser beneficiada com um projeto de eficiência energética, seja através de melhorias nas suas instalações seja na adequação de seus procedimentos. Aquelas escolas e redes de ensino que desejarem, poderão entrar em contato[2]  para obter maiores informações e acertar os detalhes.

É importante ressaltar que a execução dos projetos envolve uma alternativa inteligente que permite que todas as ações sejam feitas com recursos de investidores, que serão ressarcidos a partir da geração de resultados que o projeto apresentar e a consequente redução do valor das contas de energia elétrica.

Gerir a escola de maneira socialmente responsável, portanto, é buscar sua sustentabilidade de forma coerente com princípios éticos e com a construção de práticas socioambientais sustentáveis. A execução de ações desse tipo por parte da escola, além de reforçar sua imagem institucional e usufruir dos resultados intrínsecos das ações, traz no seu bojo a coerência e a credibilidade em relação ao que se ensina em sala de aula. E nada melhor que pautar o ensinamento pelo exemplo.

Trata-se, portanto, de um imenso campo de oportunidades de ação para as escolas. Não seria nada mal para a escola liderar esse movimento e contribuir para o desenvolvimento sustentável do planeta, não é mesmo? Isso é uma escola responsável.



[1] www.escolaresponsavel.com
[2] Basta entrar em contato através do email: contato@escolaresponsavel.com, informando que o assunto é eficiência energética.