quinta-feira, setembro 17, 2015

Agregar valor

A ordem é agregar valor



Recentemente, de maneira mais intensa, um debate tem sido travado em muitas instâncias da nossa sociedade e em especial no segmento educacional. Trata-se da adoção de conceitos como a meritocracia e a gestão por competências. Há quem os defenda, assim como existe aqueles que os repudiam. Não entrarei nesse mérito, pois tomei esses dois temas apenas para levantar a bola. 

Entendo que eles reportam a algo ainda maior, que vem se assumindo como premissa em todas as esferas, tanto profissionais quanto empresariais. É o conceito de Valor Agregado, ou em outras palavras, a maneira pela qual as empresas e as pessoas agregam valor ao que fazem.

Estamos numa época em que os produtos e serviços são escolhidos sob a métrica comparativa daquilo que proporcionam de satisfação aos seus consumidores. Esses, por sua vez, tomam suas decisões de compra cada dia mais suportadas naquelas características que tornem completa sua experiência e ofereçam um algo mais, em relação aos concorrentes. Essa dinâmica, e o reflexo dela, impactam tanto as empresas quanto os profissionais. Basta olhar o mercado de trabalho. Nele os processos seletivos estão mais exigentes, com valorização crescente daqueles que contribuem para além do esperado, agregando valor ao trabalho contratado.

De maneira sucinta, as perguntas recorrentes são: Como posso agregar valor ao serviço que ofereço? Como buscar diferenciais competitivos que coloquem esta instituição na preferência dos clientes?
Penso que para obtermos boas respostas a essas perguntas é preciso, antes de tudo, desbloquear os modelos mentais existentes. Explico: imaginemos a empresa como uma instituição que, na sua atividade rotineira, promove o conhecimento. Desenvolve pessoas. Ensina saberes. No fundo, ela também "presta serviços" de desenvolvimento de pessoas utilizando o trabalho como uma tecnologia educacional baseada em métodos on the job.

Veja caro leitor, que olhando a empresa sob essa ótica, muitas coisas novas vão aparecer no horizonte. Surge, por exemplo, a possibilidade de ter todo o quadro de profissionais com potencial para oferecer serviços de consultoria e treinamento às empresas e pessoas do entorno, permitindo com isso o ingresso de receitas marginais, abrindo também a oportunidade de ganhos adicionais aos colaboradores, agentes prestadores desses serviços ofertados. Uma ação desse tipo amplia a perspectiva da empresa se integrar à vida da comunidade onde se insere e participar ativamente do seu desenvolvimento. Valor agregado para a empresa, a comunidade e o colaborador!

Ela também permite alargar o horizonte dos profissionais, tornando suas atividades mais variadas, pois a exploração de suas competências se dará em diversas frentes: ensinando, participando de projetos comunitários, dando treinamento para as empresas e pessoas da comunidade. Valor Agregado!

Ainda em relação ao colaborador, tal situação se apresenta como condição excepcional para ampliar sua carteira de competências profissionais, a partir da obtenção de saberes adicionais, da convivência com situações reais de aplicabilidade dos conteúdos que ministra e da ampliação de seu network.  E tem mais. Permite aumentar suas receitas financeiras, tanto a partir de trabalhos de consultoria e prestação de serviços à comunidade, como também através de salários mais encorpados na própria empresa, lembrando que ela tem seu leque de receitas ampliado pela oferta de serviços que envolvem conhecimento, aprendizagem e ensino. Valor agregado!

É possível, ainda, adicionar valor à empresa, incorporando práticas de compartilhamento na capacitação de pessoas e na formação continuada. Empresas de uma mesma região podem dividir custos de treinamento de seus profissionais a partir do rateio na contratação dos cursos e na criação de redes colaborativas. Esse tipo de ação amplia a oferta de mão de obra qualificada no mercado e contribui para a empregabilidade dos profissionais. Valor agregado!


E é diante dessa busca pela criação de valor que a meritocracia e a gestão por competências se encaixam. Esses conceitos contribuem grandemente para estimular as pessoas a desenvolverem suas fontes de geração de valor e as contribuições que podem oferecer, sendo, ao mesmo tempo, reconhecidas por isso. Entendo que é nessa perspectiva que as discussões acerca da validade, ou não, da adoção de modelos de gestão de pessoas baseados em ferramentas modernas devem ser colocados. 

A empresa não é uma ilha e, portanto, deve caminhar em consonância com o ambiente que a rodeia. Agregar valor pela geração de conhecimento somente eleva a importância da educação no desenvolvimento da sociedade.