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sábado, dezembro 23, 2017

Professores empreendedores

A Educação precisa de “professores caras de pau”



Quem não tem um amigo cara de pau, que atire a primeira pedra. E quem disser que não tem, não sabe o que está perdendo. É bem provável que na sua adolescência, você já tenha passado por aquela situação de estar numa balada e, de repente, cruzar o olhar com aquela pessoa que faz disparar os batimentos cardíacos. Acontece que você não a conhece e, portanto, não sabe bem como abordá-la.
Mas eis que surge aquele seu amigo mais desinibido, que a turma chama de “cara de pau”. Embora ele também não a conheça, sem a menor cerimônia, vai lá, se apresenta pra ela e, do nada, faz a ponte entre você e a pessoa. Ele não tem receio de arriscar. Nem pensa que pode ser ridicularizado. Ele se apresenta, coloca a situação e, com isso, ganha a oportunidade de conquistar a simpatia da pessoa.

O que tem isso a ver com a Educação e os professores? Eu explico.

Na sala de aula muitas vezes temos uma situação um pouco semelhante. Mudar as práticas tradicionais de ensino continua a ser o principal desafio dos líderes de tecnologia educacional, mas a implementação de novas práticas digitais e o uso da tecnologia na sala de aula não é possível sem o apoio dos professores. Portanto, motivar os professores a mudar suas práticas tradicionais de ensino é, hoje, uma prioridade.

Uma experiência levada a termo pela antropóloga Lauren Herckis, na Carnegie Mellon University, uma instituição americana líder na pesquisa educacional, buscou identificar por que os professores relutavam em abandonar seus métodos tradicionais para adotar novas práticas apoiadas pela tecnologia. Durante mais de um ano, a Dra. Herckis observou os professores da Carnegie Mellon, numa maratona que incluiu assistir a todas as reuniões acadêmicas e ler e-mails institucionais dos professores, de modo que pudesse, a partir daí, descobrir por que eles não estavam mudando seus estilos de ensino.


Depois desse exaustivo trabalho, a antropóloga descobriu, em primeiro lugar, que muitos professores e acadêmicos se agarram à sua própria ideia do que seja uma "boa educação", ou um “bom método de ensino”. A partir daí, sua conclusão foi surpreendente: os professores têm uma enorme necessidade de se apegar e manter os seus próprios métodos porque têm muito medo de parecerem ridículos, na frente de seus alunos. Esse temor de serem ridicularizados faz com que não tentem algo novo.

Na verdade, é como se lhes faltasse aquela característica do amigo cara de pau, que não se preocupa em demonstrar suas dificuldades, para, a partir delas, construir uma ponte com seus alunos. Talvez essa postura tenha sido fruto de décadas a fio, onde o professor foi visto como um ser humano que tudo sabia e que, em hipótese alguma, poderia ter suas habilidades confrontadas. Ou não deveria mostrar suas vulnerabilidades.

Acontece que o mundo mudou e não houve muito tempo para que esses professores, oriundos de uma geração analógica, se adaptassem e atingissem a mesma destreza para lidar com toda essa tecnologia que seus alunos, das novas gerações. Esses já nasceram digitando e brincando em telas sensíveis ao toque. Aprenderam muitas coisas pelas mais diversas mídias, antes mesmo de colocarem os pezinhos na escola. E quando essas duas realidades foram então colocadas frente a frente, estabeleceu-se um choque entre culturas.

Um Relatório intitulado “Tendências na Aprendizagem Digital: Construindo capacidade e competência dos professores para criar novas experiências de aprendizagem para os alunos”, publicado pela Blackboard  e Project Tomorrow , se concentrou em avaliar a disposição dos professores para utilizar ferramentas digitais para transformar a aprendizagem. O relatório envolveu um universo de 38.000 professores, 29.000 pais e 4.500 administradores de escolas de ensino fundamental nos Estados Unidos, e apresentou opiniões sobre questões ligadas a aprendizagem digital, como parte do projeto de pesquisa Speak Up 2016 .

A partir dele, ficou patente aos líderes educacionais que o sucesso de qualquer iniciativa digital nas escolas depende da liderança do professor na sala de aula. Este relatório mostrou que as ferramentas, conteúdos e recursos digitais podem ajudar a elevar as competências dos professores. Também forneceu evidência do valor que a tecnologia pode trazer para as experiências de aprendizagem dos alunos.


É evidente que suas conclusões devem ser avaliadas com cautela, uma vez que se trata de um ambiente diferente do que temos no Brasil. Entretanto, em um mundo globalizado, é importante conhecer algumas das suas constatações, posto que poderão, em determinado momento, se repetirem por aqui.

Eis então as três principais conclusões desse relatório sobre tendências digitais de aprendizagem:

Os pais acreditam que o uso eficaz da tecnologia na sala de aula ajuda as crianças a desenvolver as habilidades necessárias para a vida adulta.
Hoje, o grande desafio, é motivar os professores para que alterem suas práticas tradicionais de ensino, e passem a usar a tecnologia na sala de aula.
Os professores que praticam a aprendizagem híbrida estão elevando os padrões de aprendizagem e estabelecendo novos processos que atendem às necessidades de todos os alunos.

Ao que parece, essas conclusões poderiam, muito bem, se aplicar à nossa realidade. E pelos seus resultados tudo indica que, em nome da melhoria da Educação, poderíamos ser todos nós, educadores, um pouquinho mais caras de pau, afinal, somos humanos e a educação se faz, principalmente, pela capacidade de nos colocarmos na posição de eternos aprendizes.

Fonte: Observatório de Innovación Educativa

Este artigo foi publicado pela Revista Linha Direta / 2017

terça-feira, agosto 01, 2017

Posse de bola não é gol.

Como as escolas podem melhorar a gestão de seus processos escolhendo os indicadores adequados.


No inverno de 2014, o Brasil era tomado por uma bolha de euforia. Em meio às crises políticas e um noticiário econômico nada animador, o circo do futebol fazia unir ideologias antagônicas em torno da seleção brasileira de futebol. A Copa do Mundo era a cortina de fumaça que trazia a alegria de volta ao cenário tupiniquim. Era a pátria de chuteiras em campo.

Se não encantava pela magia da seleção de Telê Santana, o “selecionado canarinho” avançava no torneio e chegava às semifinais contra a simpática, e politicamente correta, seleção da Alemanha. O palco não poderia ser mais acolhedor. Mineirão lotado, hino nacional cantado à capela e um belo horizonte como moldura. Mas...

Se hoje um extraterrestre fizesse um “pitstop” no Brasil e pegasse um dos jornais da época, lá encontraria os principais números do jogo:
  • ·        Posse de bola: Brasil, 52%. Alemanha, 48%.
  • ·        Chutes a gol: Brasil, 18 . Alemanha, 14 .
  • ·        Faltas cometidas: Brasil, 11. Alemanha, 14.
  • ·        Impedimentos: Brasil, 3. Alemanha, 0.
  • ·        Minutos com a bola: Brasil, 32. Alemanha, 30.

O ET não teria dúvidas em adivinhar a sequência. Enfim, Brasil na final. Mas todos sabemos, amargamente, não foi bem isso o que aconteceu. Alemanha 7, Brasil 1.

Esse episódio nos leva a pensar em uma situação muito comum no mundo corporativo, e a escola não está fora dele. A eleição de indicadores de performance para auxiliar a gestão da  organização na tomada de decisões. É a partir do seu monitoramento, que muitas delas traçam planos estratégicos, conferem o andar dos processos, definem as prioridades e estabelecem objetivos e metas.

Acontece porém que, em muitos casos, esses indicadores com o tempo se afastam dos reais fatores de sucesso de uma organização. Isso faz com que as lideranças passem a buscar a melhoria do desempenho em processos que já não são mais relevantes para o resultado, em virtude de mudanças no ambiente, seja ele interno ou externo.

O exemplo da nossa seleção fala bem de perto nesse caso, e serve para mostrar esse desvio. O objetivo do jogo de futebol é fazer gol, e tentar não levar. Mas muitos técnicos se prendem a estatísticas como essa para justificar o injustificável. Aproveitando a contundência do placar naquela fatídica partida, é importante ressaltar algumas lições importantes que podemos levar para a escola:

Posse de bola não é gol. Qual seleção foi mais eficiente: o Brasil, que se manteve o maior tempo com a bola nos pés, mas não foi capaz de converter isso em gols, ou a Alemanha, que mesmo não tendo superioridade na posse da bola, foi objetiva em transformar as oportunidades que teve em vantagem no placar? Isso se chama foco no resultado!

Chute a gol não conta ponto. Tentar, apenas, não adianta. É preciso eficiência nos processos para gerar resultados. Treinar a equipe, tendo como base o objetivo final, é fundamental. Agregar valor é uma missão de todos no time, cada um na sua esfera de competência. E nesse ponto é preciso que haja eficiência e produtividade.

Impedimento é retrabalho. Quando um jogador é pilhado em impedimento, todo o trabalho de construção da equipe é jogado por terra. A falha de posicionamento de apenas um atleta representa o mesmo que a existência de um elo fraco no processo. Daí a necessidade de ter todas as atividades alinhadas com a proposta de valor da organização, neste caso particular, os processos que realmente são necessários à eficiência da escola.

Em todas essas questões, um bom planejamento, e um olhar crítico sobre a necessidade de cada processo existente, são fundamentais. Nesse aspecto, é importante que haja desprendimento dos gestores para abandonar práticas obsoletas quando se constata que o ambiente mudou. Em muitos casos, é preciso promover a disrupção, abandonar definitivamente processos e modelos que tornaram aquela escola um expoente durante muitos anos, mas que já não conseguem mais responder à proposta de valor da escola junto aos seus clientes.

Para tornar mais ágil e eficiente essa análise, o auxílio de recursos tecnológicos, hoje disponíveis em abundância, tornam o trabalho mais assertivo, reduzindo o risco implícito nas decisões. Alguns deles, como o Panorama Escola, uma plataforma que agrega recursos de pesquisa e dashboard de gerenciamento de indicadores, podem encurtar a distância entre a obsolescência e a efetividade. Essa plataforma, criada pela Corporate*[1], utiliza conceitos de business intelligence, permitindo ao gestor cruzar dados internos e externos para avaliar possíveis desalinhamentos e mudanças de rumo do mercado.

Assim como um técnico de futebol, os gestores educacionais devem ter em mente o foco principal e os objetivos a serem alcançados. Pesquisar, analisar e acompanhar os processos-chave por meio de indicadores eficientes, faz com que suas decisões não se baseiem em uma cortina de fumaça.
Ao contrário, trabalhar com afinco para tornar melhores velhos processos que foram sucesso no passado, mas não agregam valor à demanda atual da escola, significa investir nos “impedimentos” e nas “bolas chutadas para fora”. E a escola não pode ser eficiente em tomar de 7 a 1, não é mesmo?

 (Artigo publicado pela Revista Linha Direta, ed. 231/ junho 2017)




[1] Saiba mais em www.corporateconsultoria.com

segunda-feira, março 28, 2016

Estratégia de Negócios



A batalha por um lugar ao sol
Marcelo Freitas


 “Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito bela para ser insignificante.”
Charles Chaplin

O mercado empresarial é como um campo de batalhas, onde os mais preparados sobrevivem. Assim como acontece numa guerra, no ambiente empresarial o papel da estratégia é fundamental para que as empresas consigam avançar rumo aos seus objetivos.

Estratégias de negócios bem sucedidas levam a ganhos de mercado acima da média, reforço de marca e altos retornos sobre o investimento, tornando as empresas, e seus líderes, cada vez mais valorizados.
Não é à toa que boa parte dos profissionais bem sucedidos mira-se nos ensinamentos de estrategistas militares para, a partir dos seus ensinamentos e apoiados por ferramentas estratégicas de planejamento desenvolvidas por experts em gestão, conduzirem seus exércitos de liderados rumo ao ambiente competitivo de mercado.

Tomando como base estratégias de guerra vencedoras de Sun Tzu (A Arte da Guerra) e Karl von Clausewitz (On War), torna-se emocionante para os gestores entender a dinâmica da competição, estabelecer movimentos mercadológicos inusitados e conhecer princípios, estratégias e táticas que poderão levar ao fortalecimento das suas posições e favorecer o ganho de territórios relevantes, ou em outras palavras, ampliar o market share .

Nesse sentido, para seguir à risca a cartilha dos estrategistas, é importante tomar como  ponto de partida o profundo conhecimento do mapa e do cenário onde se trava a batalha de mercado. Nas palavras de Karl von Clausewitz, 

“Um bom general estuda cuidadosamente o terreno antes da batalha. Cada colina, cada montanha, cada rio é analisado por suas possibilidades defensivas e ofensivas”. Karl von Clausewitz

Assim como compete a um bom general, também aos executivos e gestores cabe avaliar cada detalhe do ambiente, cada movimento e tendência das variáveis de mercado, como também as características de cada um dos seus concorrentes. Nas palavras de Sun Tzu,

“Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas”. SUN TZU

Somente assim, dominando o conhecimento de si e dos seus oponentes, os movimentos estratégicos tornam-se efetivos e vitoriosos. É esse conhecimento que permite promover ataques ao inimigo em situações e espaços onde ele menos espera, promovendo ações de marketing de guerrilha e, assim, surpreender os concorrentes.

“Um exército pode marchar grandes distâncias sem perigo se o faz por uma região onde o inimigo não está presente. Você terá certeza dos seus ataques se executá-los onde o inimigo não esteja.” Sun Tzu

Dessa maneira, tanto quanto dominar o ambiente de competição é igualmente fundamental conhecer os agentes que influenciam as batalhas de mercado, avaliando com mais pertinência, as possibilidades da campanha, mesmo que a maioria dessas batalhas seja travada na mente dos consumidores, como enfatizam Al Ries e Jack Trout, em seu livro Marketing Warfare,

“As batalhas de mercado são combatidas dentro da mente. Dentro da sua própria mente e da de seus clientes em perspectiva. A mente é um terreno de batalha, cheio de truques e difícil de entender,”Al Ries & Jack Trout   

Um bom general estuda a posição do inimigo e busca entender todas as nuances dos seus possíveis movimentos estratégicos na arena de guerra. Espera-se que sua localização exata e o  poder de cada unidade adversária sejam plotados em um mapa e estudados detidamente, antes que a luta comece. O que o comandante espera evitar a todo o custo é um ataque de surpresa de uma posição inesperada. E é justamente aí que entra em cena uma das mais eficientes ferramentas de planejamento estratégico empresarial, a chamada Matriz das Forças Competitivas, criada por Michael Porter.

Num paralelo ao campo de batalha, ela descreve os agentes do ambiente competitivo, e o relacionamento que têm entre si:

  • O Inimigo (Concorrente);
  • Os civis (Clientes);
  • As Tropas de Apoio (Fornecedores);
  • Os Mercenários (Substitutos);
  • Os Revolucionários (Novos Players).

Esse mapeamento também permite que se identifique onde exatamente encontram-se os pontos fortes do seu próprio exército e as oportunidades que sua exploração podem permitir. Da mesma forma é possível vislumbrar as ameaças externas que o mercado impõe à empresa, em virtude das suas fraquezas, e tratar de minimiza-las. Estamos falando no desenho da matriz SWOT, outra ferramenta essencial na avaliação do seu próprio exército e das suas possibilidades em relação ao ambiente externo. 

Em resumo, assim como acontece nas grandes batalhas, é o mapeamento dos exércitos inimigos (os concorrentes) e do ambiente no campo de batalha que permitem construir uma estratégia de sucesso.

“O que possibilita ao bom general atacar, vencer e conquistar coisas além do alcance de homens comuns é a previsão.” Sun Tzu

Boa sorte, e fique atentou pois a guerra por um lugar ao sol já começou!

quarta-feira, dezembro 30, 2015

Estratégia



Crise, Mudanças e Oportunidades.


“Fazer acontecer, implica maximizar o resultado que se pode obter utilizando recursos disponíveis”.

Júlio Ribeiro

Não é errado dizer que as crises são benéficas. Geralmente as vemos como um transtorno, algo a ser evitado. Mas não é bem assim... É nas crises que surgem os “novos problemas”. E isso nos lança em um ambiente de seleção natural, que por sua vez nos empurra em busca da melhoria da competitividade e nos motiva, ou força, a inovar.  Em suma, um problema é a matéria-prima da criatividade.

Ao nos defrontarmos com ambientes de crise, e seus novos problemas, enfrentamos o desafio de fazer acontecer em um novo ambiente. A crise nos coloca diante de uma nova realidade. E essa nova realidade, à qual nos vemos envolvidos neste momento, é marcada por algumas características no ambiente de negócios:

  • Explosão da oferta, ainda que seja perecível;
  • Tecnologia digital substituindo funções, tarefas, cargos e valores;
  • Mercados hiperfragmentados;
  • Dificuldade de se criar uma identidade da marca, em virtude da saturação da propaganda e do volume de nichos específicos.

Esses fatores, combinados, criam novas demandas e exigem, portanto, mudanças constantes, adaptações ágeis e novas propostas de valor ao mercado consumidor. Em relação à TI não é diferente. Daí a pergunta: Seria possível salvar as vendas com as tradicionais estratégias de segmentação e posicionamento? Em muitos casos isso implica lançar modelos diferentes, cores variadas, uma propaganda criativa e novas formas de utilização do produto. Essas alternativas, entretanto, podem não ser suficientes. A resposta pode estar ligada, diretamente, ao conceito de “lateralidade”, e não à segmentação ou reposicionamento proporcionado pelos movimentos de reação tradicionalmente utilizados em situações semelhantes.

Os problemas causados pelas crises são, de fato, oportunidades disfarçadas que exigem estratégias diferenciadas capazes de manter a empresa na arena competitiva. Surgem novos nichos, segmentos e clientes tradicionais ávidos por soluções para os “novos problemas” trazidos pelas crises. Para atender a essa demanda, as empresas vão à busca de encontrar alternativas inovadoras desenvolvendo novos produtos e serviços, explorando a criatividade e inovação. Em outras palavras, a “evolução” está ligada à “inovação” e esta, em última análise, à “sobrevivência”.

Para as empresas, o ponto de partida é avaliar o produto que oferece ao mercado e, a partir dele, explorar as alternativas de como agregar valor a ele, de maneira que possa ser solução para os “novos problemas”. 

Segmentar um mercado pode restringir sua ação a um determinado nicho e, com isso, descartar públicos e/ou situações potenciais. Por outro lado, um novo posicionamento pode ser uma alternativa, seja evidenciando características já existentes ou acentuando a personalidade da marca, visando assim torná-la mais visível em relação às concorrentes. Entretanto, esse processo também não leva à expansão em direção a novos mercados. No campo das inovações, a priori, o produto básico não muda. É aí que surge a alternativa de trabalhar com o conceito de “lateralidade”.

Na perspectiva das inovações laterais a ideia não é substituir as inovações verticais, mas ir além dos processos lógicos e sequenciais em que elas se baseiam. Trata-se de uma alternativa concreta contra a homogeneidade de produtos e serviços oferecidos pelo mercado, fazendo com que haja um descolamento da hiperconcorrência. 

Em resumo, o pensamento lateral agrega ao marketing vertical: necessidades, usos, situações ou públicos-alvo. Um bom exemplo de utilização desse tipo de estratégia, que pode ser aplicado em momentos crise, na perspectiva de TI, é representado pela equação: 

Banco + Internet + Celular = Bankline.
Ou ainda:
Compra + comodidade + internet = e-commerce

Essas, assim como inúmeras outras inovações que levaram à evolução das empresas e mercados, são fruto de novas demandas originadas por crises e mudanças de ambiente. A grande notícia é que todas as áreas apresentam oportunidades para se desenvolverem nesses momentos, pois sempre existirão pessoas capazes de criar alternativas sólidas e sustentáveis de geração valor. 

Crise? Que nada. Seja bem-vindo a um novo ambiente de oportunidades!

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Conheça o minicurso sobre o assunto na página de Palestras e Cursos deste blog e leve-o para sua empresa.>>

quarta-feira, dezembro 16, 2015

A era do work play: o grande jogo do trabalho



O mundo mudou e o ambiente nas empresas seguiu na mesma direção. Nesses tempos de tecnologia abundante, o ambiente de trabalho será jamais será o mesmo daquilo que presenciamos até recentemente. A globalização tornou as empresas virtuais e as mudanças decorrentes da digitalização impactaram de tal forma a estrutura organizacional que transformaram até mesmo as demonstrações contábeis e o patrimônio das organizações. Se antes a riqueza estava na propriedade da terra e dos meios de produção, o brilho da competitividade agora está sobre o capital intelectual.

Nesse ambiente, o fator conhecimento tornou-se o grande propulsor da criação de vantagens competitivas nas organizações e o principal ativo dos seus balancetes. As pessoas, e o conhecimento que detém, são as forças que impulsiona a inovação, fruto da criatividade do seu coletivo inteligente.

Por outro lado, a geração nascida em meio a toda essa tecnologia introduziu uma nova forma de lidar com o mundo. Além de se manterem permanentemente conectadas a pessoas e organizações de maneira sem precedentes, também criou mundos virtuais, povoados por avatares que encantam e proporcionam experiências até então inimagináveis. Hoje, por meio dos aplicativos e, principalmente, dos games, qualquer um pode levar uma vida paralela e se colocar na pele de um aventureiro, um desbravador ou, simplesmente, alguém que compartilha suas experiências, expectativas e conhecimentos em uma rede social.

Os games tornaram-se um veículo capaz, não só de encantar, realizar sonhos e partilhar, como também de aprender e treinar habilidades. E é sob esse viés que escolas de negócios estão aderindo ao aprendizado simulado, assim como as instituições de ensino regular estão introduzindo a metodologia de jogos nas salas de aula.

Mas, e se nessa onda, a vida real também pudesse ser alvo de uma experiência virtual? Ou em outras palavras, se as próprias empresas se utilizassem dessa metodologia gamefication para transformar os desafios do dia a dia em um grande jogo da vida no trabalho, turbinando a ação dos colaboradores e os estimulando a buscar o alcance de suas metas?

Trata-se de revolucionar o ambiente de trabalho introduzindo o conceito de game nas suas políticas e ferramentas de gestão de pessoas. Não é de hoje que a área e os especialistas de Recursos Humanos clamam por novidades, por mudanças mais contundentes no seu arsenal de ferramentas, de maneira a potencializar sua atuação e os resultados que dela podem surgir.

Reter talentos é fator primordial para criar e manter diferenciais competitivos nas organizações e isso passa por tornar o trabalho o mais atraente e desafiador possível. E se isso puder ser feito de maneira divertida, melhor ainda. Um dos principais objetivos da gestão de pessoas é construir um ambiente onde as pessoas sintam-se à vontade para buscar crescimento, fazendo, com isso, melhorar a performance do sistema como um todo. É também uma das missões da área de RH, oferecer aos gestores ferramentas e metodologias que lhes permitam melhor gerir e motivar suas equipes, extraindo delas o melhor, tanto no aspecto coletivo quanto individualmente de cada um dos seus comandados.

Surge daí, então, a ideia de associar a tecnologia às práticas de RH, a partir de uma metodologia gameficada de gestão de pessoas. Criada pela Corporate, a ferramenta transforma a empresa em cenário de um grande game, onde cada um dos colaboradores assume seu papel como personagem e, mais que isso, tem seu desempenho e performance associados aos principais aspectos estratégicos da empresa. Ferramentas tradicionais como a gestão do desempenho, da remuneração, do treinamento e desenvolvimento pessoal e organizacional são adaptadas para ser utilizadas dentro desse ambiente. Processos ligados ao recrutamento, seleção e recompensas, por exemplo, são administrados no ambiente virtual gameficado, onde o colaborador transita com seu avatar tendo que cumprir missões e metas de verdade. Não se trata de um “second life”... É muito mais que isso.

Nesse mundo de “não tão faz de contas assim” a gestão de carreira, de desempenho e dos demais processos de RH permitem que os colaboradores possam identificar oportunidades de crescimento, as recompensas e condecorações alcançadas e ainda gerir suas próprias metas de crescimento e de desempenho no trabalho, definidas junto com seus gestores.

O ambiente proposto e a metodologia adotada, onde metas e objetivos devem ser alcançados, gera uma competição sadia entre os participantes, que buscam a cada passo o atingimento de metas e objetivos. Estes, por sua vez, uma vez alcançados, são motivos de obtenção de mérito e condecorações especiais, que se incorporam ao processo de feedback corporativo e adicionam reconhecimento às ações do colaborador, compondo a carteira de pontos que o seu perfil detém.

Em síntese, trata-se do jogo da vida real. Uma metodologia gameficada de gestão de pessoas, onde um Avatar transita pela empresa, com seus respectivos objetivos institucionais, caracterizando um Business Game voltado à gestão de pessoas. Desafios e metas compõem fases, que permitem aos colaboradores melhorar sua perfomance  e ser por isso recompensado.

Seleção, treinamento, avaliação de desempenho, concessão de aumentos salariais e promoções ganham um novo contexto, e são monitorados de maneira divertida e criativa, em um ambiente em que o desempenho dos personagens virtuais é reflexo da vida real. uma maneira de tornar mais leve e descontraída a atuação das pessoas dentro da empresa, dos seus times e grupos de trabalho. Medalhas e outros tipos de recompensas são partilhados por uma grande rede social interna, que também coloca os funcionários em uma disputa sadia rumo ao atingimento de resultados pessoais, da equipe e, por conseguinte, da própria organização.

Vamos brincar de trabalhar? A Corporate te ajuda!

quinta-feira, setembro 17, 2015

Agregar valor

A ordem é agregar valor



Recentemente, de maneira mais intensa, um debate tem sido travado em muitas instâncias da nossa sociedade e em especial no segmento educacional. Trata-se da adoção de conceitos como a meritocracia e a gestão por competências. Há quem os defenda, assim como existe aqueles que os repudiam. Não entrarei nesse mérito, pois tomei esses dois temas apenas para levantar a bola. 

Entendo que eles reportam a algo ainda maior, que vem se assumindo como premissa em todas as esferas, tanto profissionais quanto empresariais. É o conceito de Valor Agregado, ou em outras palavras, a maneira pela qual as empresas e as pessoas agregam valor ao que fazem.

Estamos numa época em que os produtos e serviços são escolhidos sob a métrica comparativa daquilo que proporcionam de satisfação aos seus consumidores. Esses, por sua vez, tomam suas decisões de compra cada dia mais suportadas naquelas características que tornem completa sua experiência e ofereçam um algo mais, em relação aos concorrentes. Essa dinâmica, e o reflexo dela, impactam tanto as empresas quanto os profissionais. Basta olhar o mercado de trabalho. Nele os processos seletivos estão mais exigentes, com valorização crescente daqueles que contribuem para além do esperado, agregando valor ao trabalho contratado.

De maneira sucinta, as perguntas recorrentes são: Como posso agregar valor ao serviço que ofereço? Como buscar diferenciais competitivos que coloquem esta instituição na preferência dos clientes?
Penso que para obtermos boas respostas a essas perguntas é preciso, antes de tudo, desbloquear os modelos mentais existentes. Explico: imaginemos a empresa como uma instituição que, na sua atividade rotineira, promove o conhecimento. Desenvolve pessoas. Ensina saberes. No fundo, ela também "presta serviços" de desenvolvimento de pessoas utilizando o trabalho como uma tecnologia educacional baseada em métodos on the job.

Veja caro leitor, que olhando a empresa sob essa ótica, muitas coisas novas vão aparecer no horizonte. Surge, por exemplo, a possibilidade de ter todo o quadro de profissionais com potencial para oferecer serviços de consultoria e treinamento às empresas e pessoas do entorno, permitindo com isso o ingresso de receitas marginais, abrindo também a oportunidade de ganhos adicionais aos colaboradores, agentes prestadores desses serviços ofertados. Uma ação desse tipo amplia a perspectiva da empresa se integrar à vida da comunidade onde se insere e participar ativamente do seu desenvolvimento. Valor agregado para a empresa, a comunidade e o colaborador!

Ela também permite alargar o horizonte dos profissionais, tornando suas atividades mais variadas, pois a exploração de suas competências se dará em diversas frentes: ensinando, participando de projetos comunitários, dando treinamento para as empresas e pessoas da comunidade. Valor Agregado!

Ainda em relação ao colaborador, tal situação se apresenta como condição excepcional para ampliar sua carteira de competências profissionais, a partir da obtenção de saberes adicionais, da convivência com situações reais de aplicabilidade dos conteúdos que ministra e da ampliação de seu network.  E tem mais. Permite aumentar suas receitas financeiras, tanto a partir de trabalhos de consultoria e prestação de serviços à comunidade, como também através de salários mais encorpados na própria empresa, lembrando que ela tem seu leque de receitas ampliado pela oferta de serviços que envolvem conhecimento, aprendizagem e ensino. Valor agregado!

É possível, ainda, adicionar valor à empresa, incorporando práticas de compartilhamento na capacitação de pessoas e na formação continuada. Empresas de uma mesma região podem dividir custos de treinamento de seus profissionais a partir do rateio na contratação dos cursos e na criação de redes colaborativas. Esse tipo de ação amplia a oferta de mão de obra qualificada no mercado e contribui para a empregabilidade dos profissionais. Valor agregado!


E é diante dessa busca pela criação de valor que a meritocracia e a gestão por competências se encaixam. Esses conceitos contribuem grandemente para estimular as pessoas a desenvolverem suas fontes de geração de valor e as contribuições que podem oferecer, sendo, ao mesmo tempo, reconhecidas por isso. Entendo que é nessa perspectiva que as discussões acerca da validade, ou não, da adoção de modelos de gestão de pessoas baseados em ferramentas modernas devem ser colocados. 

A empresa não é uma ilha e, portanto, deve caminhar em consonância com o ambiente que a rodeia. Agregar valor pela geração de conhecimento somente eleva a importância da educação no desenvolvimento da sociedade. 

terça-feira, dezembro 30, 2014

 Jogando com a educação

Marcelo Freitas

Seja como projeto, negócio ou processo, a educação está diante de uma realidade que a coloca frente a frente com inúmeros desafios. E ao invés de olhar a situação como ameaça, prefiro ver o leque de oportunidades que se descortina. Um relatório[1] sobre tendências, cujo trecho transcrevo a seguir, apresenta a realidade do ponto de vista empreendedor, ou seja, como negócio:

“Até o momento, muitos consumidores das Américas do Sul & Central se resignaram com a falta de acesso a novas ideias, conhecimento e educação formal e de qualidade; que, para a maioria dos cidadãos, tem um custo muito elevado.

Mas a realidade está mudando: o mundo digital colocou uma quantidade infinita de informação ao alcance de todos; os empreendedores se tornaram os novos “superstars”; e a nova e mais bem educada classe-média agora busca desenvolvimento e realização pessoal continuada.

Dois sinais dos tempos:

Em comparação com os consumidores internacionais, os consumidores das Américas do Sul & Central são os que mais valorizam o ensino superior: 94% dos brasileiros acreditam que o acesso ao ensino superior é vital; seguidos por 92% dos mexicanos, 92% dos chilenos e 91% dos venezuelanos – contra a média global de 78%. (Nielsen, setembro de 2013)

6 entre os 10 países em que os consumidores estão mais inclinados a comprar produtos e serviços produzidos por empresas que apoiam a educação se concentram nas Américas do Sul & Central (Colômbia: 90%, Brasil e Venezuela: 88%, Peru: 87%, Chile 83%). (Nielsen, setembro de 2013)”.

Educação, portanto, é a oportunidade da vez e os consumidores estão ávidos por qualidade e inovação. Eis aí um mercado e tanto para quem deseja navegar em oceanos azuis. E de olho nele estão novos entrantes, como as empresas de entretenimento e tecnologia. Gameficação e MOOC’s não estão aí por acaso.

Por outro lado, reconhecemos que a oferta de serviços educacionais, tanto no seu formato quanto no conteúdo, já não mais atende às expectativas da sociedade em franca mudança de paradigmas. Algumas das principais premissas desta nova realidade educacional já apresentamos em palestras e artigos anteriores, mas não custa nada lista-los aqui:

·        Dos horários fixos para as atividades dinâmicas;
·        Dos conhecimentos adquiridos dentro da sala de aula para aqueles obtidos fora da escola;
·        Do conhecimento teórico ao conhecimento aplicado na prática;
·        De respostas certas às perguntas abertas;
·        De problemas fictícios para os desafios reais;
·        Da aprendizagem passiva para uma participação ativa;
·        De aprender com a cabeça para aprender com o corpo inteiro;
·        De trabalhos individuais para a solução de problemas em conjunto;
·        Do professor como especialista onisciente para o professor como facilitador;
·        Da sala de aula formal a oficina experimental.

Diante de todo esse cenário, tenho apresentado aqui neste espaço algumas experiências inovadoras que acontecem mundo afora, sejam elas em escolas particulares, fundações, projetos de empresas ou na própria escola pública.

Uma delas, que considero interessante por unir várias das características e tendências citadas anteriormente, é o da Quest to Learn (Q2L).

Quest to Learn é um colégio público de Nova York. É, nas palavras dos responsáveis pelo projeto, “a primeira escola do mundo a ter 100% de seu currículo baseado em jogos”. “Não somos uma escola dirigida pela tecnologia, mas pelo engajamento”, afirma Waniewski. Para o pesquisador Tupy, da USP, “os recursos eletrônicos não são o fim e sim um meio para desenvolver temas como gestão de projeto, inovação, empreendedorismo”[2]. A Quest to Learn vem tendo os melhores resultados do sistema educacional de Nova York, segundo a matéria da revista Época Negócios.

Como boa parte das pessoas já percebeu, o sistema escolar tradicional, baseado na memorização, molda crianças para empregos tradicionais. Com os games, o objetivo é prepará-las para trabalho em equipe, soluções criativas, gerenciamento do tempo e estímulo ao pensamento independente, padrões e necessidades das novas empresas.

Ao entrarem na escola, cartelas com dez mandamentos necessários para desenvolver soluções criativas e conviver com os demais membros da comunidade são distribuídas aos alunos. Veja quais são esses mandamentos:

  1. Todas as ideias podem ser melhoradas: Fique aberto às mudanças e às oportunidades de tornar suas ideias melhores.
  2. Diversidade cria equilíbrio: Ser diferente é ok. Suas características únicas ajudam a tornar a equipe mais forte.
  3. Vença e perca com elegância: A derrota dá oportunidade de melhora, a vitória comprova o acerto;
  4. Tenha respeito pelos próximos: Todos são importantes para a manutenção de uma comunidade coesa e equilibrada.
  5. Colaborar faz diferença: Duas cabeças pensam melhor que uma. Nós precisamos do apoio e das ideias dos outros para vencer.
  6. Entre no jogo: Não tenha medo de sujar as mãos! Aprenda a calcular os riscos e a planejar a sua estratégia.
  7. Experimente: Use sua imaginação e criatividade para inventar; use os recursos da escola para dar vida às suas ideias.
  8. Ninguém fica à margem: Todos devem lembrar um ao outro por que fazem parte da equipe e como são importantes para ela.
  9. Seja persistente: Defenda a ideia em que você acredita e não desista. Se você cair, levante-se e tente novamente.
  10. Lidere pelo exemplo: Demonstre o comportamento positivo que você gostaria de ver nos outros. “

Será que é tão difícil assim?




[1] http://trendwatching.com/pt/southcentralamerica/trends/5trends2014/
[2] http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2013/12/uma-escola-feita-so-de-recreio.html