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quinta-feira, fevereiro 15, 2018

2030

Tá preparado? 2030 já está em curso. 

Por Marcelo Freitas



Imagine que você é contratado para criar um veículo. Ele, entretanto, deverá circular pelas ruas da sua cidade, não no próximo ano, mas em 2030. Embora vá começar a esboçar o projeto de imediato, seria sensato imaginar que você, sendo um bom projetista, se debruçaria sobre a análise do ambiente onde este veículo seria introduzido, não é mesmo?

  • Qual contexto o envolveria? 
  • Como seriam as vias de tráfego nesse ano, localizado no futuro? 
  • Quais os materiais estariam disponíveis? 
  • Que tipo de combustível? 
  • Qual a tecnologia de produção a ser utilizada? 
  • E que tipo de pessoas usaria esse veículo? 
  • Qual seria o perfil dos profissionais que sua equipe necessitaria para tocar a fábrica?


Agora imagine uma organização em que a matéria-prima dos seus serviços leva algo em torno de 20 anos para ser transformada em resultado final. Não seria igualmente sensato avaliar o contexto e o ambiente no qual seria integrada, quando o processo fosse terminado?

Estou falando da empresa "Você S/A". Para que se torne um profissional, esse foi o tempo dispendido na sua preparação. São aproximados 20 anos de trabalho e construção. E que não pode parar.

Usando a mesma analogia do veículo, é importante que você observe o futuro para, desta maneira, direcionar sua preparação profissional para encarar os desafios que ele vai te apresentar. Vamos à reflexão:

  • Que conhecimentos você vai precisar? 
  • Quais as competências lhe serão exigidas no seu ambiente de trabalho, um local que certamente será dominado por automação sem precedentes? 
  • Quais aptidões deverão ser fomentadas no seu desenvolvimento, para se caracterizarem como diferenciais competitivos em um mundo inundado de inteligência artificial? 


Um estudo

Pensando nessas questões, três grandes instituições se juntaram para produzir o relatório “The Future of Skills: Employment in 2030”  (O futuro das habilidades: Emprego em 2030). Esta publicação, organizada pela Pearson, uma das organizações líderes mundiais em educação, em parceria estratégica com a Nesta, fundação dedicada à inovação, e a Escuela Oxford Martin, o centro de investigação em problemas globais da Universidade de Oxford, no Reino Unido, aprofunda a discussão sobre a automação e propõe um caminho para lidar com a situação.

Trata-se de indicar as habilidades, competências e conhecimentos que os profissionais de distintas áreas necessitarão para permanecer relevantes em um futuro não muito distante. Importante salientar que o estudo não considerou apenas a automação, mas também outros fatores como a globalização; as mudanças demográficas; a sustentabilidade ecológica; a crescente urbanização e disparidade econômica e as incertezas políticas.

A informação relevante é que as competências socioemocionais estão em alta, até por serem elas mais duradouras e pertinentes num ambiente em constante mudança. Por outro lado, os diplomas e licenciaturas deixarão de ser o principal requisito de empregabilidade, na medida em que os profissionais se adaptarão a trabalhar em um ambiente tecnológico em constante evolução.

Para finalizar, aí vão as principais habilidades e competências apontadas pelo estudo:

Ranking Reino Unido

1 Fluidez de Ideias
2 Critério e Tomada de Decisões
3 Originalidade
4 Aprendizagem ativa
5 Avaliação de Sistemas
6 Estratégias de Aprendizagem
7 Resolução de problemas complexos
8 Pensamento Crítico
9 Análise de Sistemas
10 Raciocínio Lógico e dedutivo

Esta na hora, portanto, de focar no futuro e se preparar para os novos desafios. E se for preciso uma ajudinha, conte conosco!

segunda-feira, junho 26, 2017

Escolas incubadoras: ajudando ideias a dar frutos

Por Marcelo Freitas


Empreendedores de todas as idades sempre estão ligados em oportunidades para criar algo novo. Ideias não faltam, porém, o que nem sempre está disponível são os recursos e um ambiente propício para que elas floresçam. Esse ambiente envolve alguns requisitos como um bom networking, canais para se chegar ao mercado e mentorias adequadas.

Por isso mesmo, para aqueles que buscam transformar ideias em negócios, as universidades se constituem em verdadeiros paraísos. A questão é que nem todas perceberam o enorme potencial de disrupção que isso representa, e continuam estáticas. A boa notícia é que, em meio ao conjunto, algumas instituições perceberam a oportunidade e começam a repensar o seu modelo de negócios e sua estrutura. Algumas até já se propõem adotar modelos de gestão derivados de startups. Outras, por sua vez, organizam centros de empreendedorismo para funcionarem como incubadoras de projetos, oriundos de trabalhos dos alunos.

Sob esse viés, esses espaços potencializam a capacidade de formar equipes e desenvolver negócios, pois constroem redes que possibilitam, inclusive, levantar investimentos suficientes para avançar com os projetos e protótipos. Além disso, contam com suporte de professores e técnicos altamente qualificados, que ajudam a modelar os processos.

Embora iniciativas empreendedoras não dependam da universidade para florescer, este espaço de aprendizagem pode oferecer uma perna forte para sustentar a caminhada. E isso é bom para os dois lados, pois, do ponto de vista das instituições educacionais, surge a oportunidade de ocupar um espaço até então desprezado: o das incubadoras de negócios.

Daí que não será surpresa se mais e mais universidades em todo o país começarem a formar suas próprias incubadoras de empresas - criadouros para startups inovadoras - com espaço de escritório, mentores, financiamento e a oportunidade de contar com a diversidade de agentes envolvidos, sejam professores ou estudantes de diferentes disciplinas.

Embora as instituições de ensino superior sejam o ambiente mais propício a essa transformação, nas escolas de educação básica o modelo também pode ser uma ótima oportunidade de diferenciação. Novas estruturas, novos arranjos no modelo de negócios e uma visão moderna de gestão são os ingredientes necessários. Oficinas, capacitações, ferramentas tecnológicas e adoção de conceitos robustos são o caminho para fazer acontecer.

É com base nesse viés disruptivo e inovador que a Corporate , empresa sediada em Belo Horizonte, vem desenhando projetos de reestruturação para escolas e mantenedoras que busquem a sintonia com os novos tempos. Nesses programas a ênfase é trocar o “por quê?” pelo “Por que não?”.
Já pensou nisso? Por que não?

segunda-feira, julho 25, 2016

Preparando pessoas para a sociedade 4.0

Por Marcelo Freitas



Um dos objetivos da escola, e talvez o principal deles, é preparar as pessoas para a vida adulta. Estabelecer pontos de referência em relação aos diversos saberes, socializar para a vida em comunidade, desenvolver competências para o universo do trabalho são colunas que devem sustentar a estrutura de uma boa escola. Foi-se o tempo em que dela era esperado apenas o repasse de um inesgotável volume de conteúdos e a padronização de uma série de habilidades e conhecimentos, demandados por uma sociedade com as características da era pós-revolução industrial.

As mudanças sociais e econômicas, a integração do mundo em um único bloco e a explosão das novas tecnologias trataram de mudar toda a paisagem. Conexão virou a palavra que define o modo como pessoas, e coisas, estabelecem relações, sejam comerciais, sejam afetivas, sejam sociais ou funcionais. Se por um lado a tecnologia encurtou distâncias entre os povos, ela também criou elos, ou conexões, entre pessoas e máquinas. E é cada dia maior a maneira pela qual essas conexões se expandem, chegando agora à chamada “internet das coisas”.

Esse novo ambiente, onde a rápida automação de processos se une à internet das coisas, promete mudar radicalmente a maneira como fazemos nossas atividades. E na indústria isso acontece com um impacto ainda maior. Com robôs cada vez mais participativos no processo, a exigência de profissionais qualificados crescerá assombrosamente. Estaremos diante de uma nova sociedade e, portanto, é preciso pensar rapidamente o papel da escola e como ela lida com isso.

Para começar é importante estabelecer um paradigma novo em relação ao perfil dos alunos que ela deverá formar e dos especialistas que irá demandar. Na chamada indústria 4.0, será exigido dos profissionais o desenvolvimento de uma visão multidisciplinar para lidar com a manufatura avançada, que deve revolucionar as linhas de montagem e gerar produtos inovadores e customizados em um futuro próximo. Como preparar os alunos para isso? Qual perfil de profissional a escola deverá desenvolver?

Em escala crescente, técnicos deixarão de exercer funções repetitivas, como o encaixe de uma peça em um smartphone, passando a se concentrar em tarefas mais estratégicas e no controle de projetos. Essa situação significa uma tendência de aumento no número de pessoas com alta qualificação no mercado. Qualificação essa vai do preparo técnico ao desenvolvimento de novos perfis de liderança, capazes de deixar de lado o controle de horas de trabalho e indicadores de produtividade hoje existentes, para se concentrar na capacidade de geração de resultados e valor agregado, por parte das equipes lideradas.

Esse novo cenário marcado pela manufatura avançada representa um renascimento das próprias indústrias. Isso significa que elas voltarão a ter um ambiente desafiador, muito propício ao espírito empreendedor e inovador dos jovens em formação. Esse novo ambiente apresenta um conjunto de fatores altamente atraentes para a nova geração, pois implica entender a convergência entre informação, TI, eletrônica e hardware, ingredientes que mexem com a cabeça desses jovens da geração digital.

A internet das coisas, portanto, estará presente nos diversos ambientes, da casa ao trabalho, passando pelo entretenimento, tratamentos de saúde e ambientes de aprendizagem. Quem quiser ocupar o seu espaço deverá se preparar. Para ser empregado nas fábricas do futuro, por exemplo, os profissionais deverão desenvolver novas habilidades com vistas ao aumento da produtividade, como aprender a trabalhar lado a lado com robôs colaborativos. Isso significa dizer que o profissional não ocupará apenas uma parte específica da linha de montagem, mas se envolverá em todo o processo produtivo, o que demandará o exercício de tarefas e funções mais complexas e criativas. Daí a necessidade da escola se concentrar em desenvolver nos seus alunos, a capacidade analítica para cruzar dados e tomar decisões a partir de informações fornecidas por máquinas e aplicativos, em tempo real.

Por isso mesmo é importante, senão vital, que ela esteja preparada e aberta às mudanças, tenha flexibilidade para se adaptar à nova realidade e se habitue a uma aprendizagem multidisciplinar contínua. Isso não significa que o conhecimento técnico perdeu importância no currículo. Apenas que ele não é suficiente. Conceitos e espaços limitados, como no tempo da revolução industrial, não sobrevivem “a uma consulta no Google”. É preciso trabalhar o desenvolvimento de competências, portanto, em diversas frentes. Os educadores precisam gostar de tecnologia, de inovação e, principalmente, ter curiosidade para aprender e acompanhar uma sociedade que sempre se reinventa a cada momento.

As atividades hoje, e mais ainda no futuro, transcendem, portanto, os limites da sala de aula. Esta, aliás, deve ser completamente esquecida da forma como a temos hoje. É importante recriar esse espaço e ampliar as conexões com o ambiente virtual, familiar e do trabalho, de modo a produzir sinergia.  Criar ambientes que reflitam a realidade fora da escola. Além da arquitetura, dos processos e do design do ambiente, ferramentas que unam escolas, alunos, famílias e aprendizagem precisam ser embarcadas nesse processo, o quanto antes. Afinal, saber se comunicar, interagir e colaborar são habilidades cada vez mais demandadas.

De olho nessa perspectiva de longo prazo, buscando auxiliar as escolas a pensar nisso com mais profundidade e estabelecer uma conexão com a nova realidade, uma parceria entre o Movimento Escola Responsável e a Corporate Gestão Empresarial está criando a SAPIENS, uma divisão voltada para o desenvolvimento de soluções criativas e inteligentes para os diversos processos educacionais e de gestão das escolas, sempre tendo como foco a melhoria dos resultados das instituições. Do realinhamento dos processos à criação de aplicativos e soluções tecnológicas, todos os caminhos da SAPIENS conduzem à transformação da escola em um espaço novo e atraente, que permita aos alunos desenvolver todo o seu potencial de crescimento. Além disso existe, na SAPIENS, uma grande preocupação com a sustentabilidade, onde cada inovação valoriza ideias que permitam atender as expectativas de gestores, educadores, alunos e famílias em relação ao desempenho e resultados esperados.

Já estamos inseridos em uma nova era. O ambiente se modificou e as demandas estão caminhando a passos largos na direção de novas competências, novas formas de relacionamento entre as instituições, entre a escola e seus diversos públicos e, por isso mesmo, as velhas ferramentas e modelos de negócios já não lhe garantem a sustentabilidade necessária. Conexão é a palavra de ordem. Inovação e criatividade o combustível.




[1] Conheça o Movimento Escola Responsável: www.escolaresponsavel.com
[2] Para conhecer as áreas de atuação da Corporate, acesse www.corporateconsultoria.com
[3] Entenda o que é a SAPIENS acessando o site da Corporate: www.corporateconsultoria.com

quarta-feira, dezembro 30, 2015

Estratégia



Crise, Mudanças e Oportunidades.


“Fazer acontecer, implica maximizar o resultado que se pode obter utilizando recursos disponíveis”.

Júlio Ribeiro

Não é errado dizer que as crises são benéficas. Geralmente as vemos como um transtorno, algo a ser evitado. Mas não é bem assim... É nas crises que surgem os “novos problemas”. E isso nos lança em um ambiente de seleção natural, que por sua vez nos empurra em busca da melhoria da competitividade e nos motiva, ou força, a inovar.  Em suma, um problema é a matéria-prima da criatividade.

Ao nos defrontarmos com ambientes de crise, e seus novos problemas, enfrentamos o desafio de fazer acontecer em um novo ambiente. A crise nos coloca diante de uma nova realidade. E essa nova realidade, à qual nos vemos envolvidos neste momento, é marcada por algumas características no ambiente de negócios:

  • Explosão da oferta, ainda que seja perecível;
  • Tecnologia digital substituindo funções, tarefas, cargos e valores;
  • Mercados hiperfragmentados;
  • Dificuldade de se criar uma identidade da marca, em virtude da saturação da propaganda e do volume de nichos específicos.

Esses fatores, combinados, criam novas demandas e exigem, portanto, mudanças constantes, adaptações ágeis e novas propostas de valor ao mercado consumidor. Em relação à TI não é diferente. Daí a pergunta: Seria possível salvar as vendas com as tradicionais estratégias de segmentação e posicionamento? Em muitos casos isso implica lançar modelos diferentes, cores variadas, uma propaganda criativa e novas formas de utilização do produto. Essas alternativas, entretanto, podem não ser suficientes. A resposta pode estar ligada, diretamente, ao conceito de “lateralidade”, e não à segmentação ou reposicionamento proporcionado pelos movimentos de reação tradicionalmente utilizados em situações semelhantes.

Os problemas causados pelas crises são, de fato, oportunidades disfarçadas que exigem estratégias diferenciadas capazes de manter a empresa na arena competitiva. Surgem novos nichos, segmentos e clientes tradicionais ávidos por soluções para os “novos problemas” trazidos pelas crises. Para atender a essa demanda, as empresas vão à busca de encontrar alternativas inovadoras desenvolvendo novos produtos e serviços, explorando a criatividade e inovação. Em outras palavras, a “evolução” está ligada à “inovação” e esta, em última análise, à “sobrevivência”.

Para as empresas, o ponto de partida é avaliar o produto que oferece ao mercado e, a partir dele, explorar as alternativas de como agregar valor a ele, de maneira que possa ser solução para os “novos problemas”. 

Segmentar um mercado pode restringir sua ação a um determinado nicho e, com isso, descartar públicos e/ou situações potenciais. Por outro lado, um novo posicionamento pode ser uma alternativa, seja evidenciando características já existentes ou acentuando a personalidade da marca, visando assim torná-la mais visível em relação às concorrentes. Entretanto, esse processo também não leva à expansão em direção a novos mercados. No campo das inovações, a priori, o produto básico não muda. É aí que surge a alternativa de trabalhar com o conceito de “lateralidade”.

Na perspectiva das inovações laterais a ideia não é substituir as inovações verticais, mas ir além dos processos lógicos e sequenciais em que elas se baseiam. Trata-se de uma alternativa concreta contra a homogeneidade de produtos e serviços oferecidos pelo mercado, fazendo com que haja um descolamento da hiperconcorrência. 

Em resumo, o pensamento lateral agrega ao marketing vertical: necessidades, usos, situações ou públicos-alvo. Um bom exemplo de utilização desse tipo de estratégia, que pode ser aplicado em momentos crise, na perspectiva de TI, é representado pela equação: 

Banco + Internet + Celular = Bankline.
Ou ainda:
Compra + comodidade + internet = e-commerce

Essas, assim como inúmeras outras inovações que levaram à evolução das empresas e mercados, são fruto de novas demandas originadas por crises e mudanças de ambiente. A grande notícia é que todas as áreas apresentam oportunidades para se desenvolverem nesses momentos, pois sempre existirão pessoas capazes de criar alternativas sólidas e sustentáveis de geração valor. 

Crise? Que nada. Seja bem-vindo a um novo ambiente de oportunidades!

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Conheça o minicurso sobre o assunto na página de Palestras e Cursos deste blog e leve-o para sua empresa.>>

terça-feira, dezembro 30, 2014

 Jogando com a educação

Marcelo Freitas

Seja como projeto, negócio ou processo, a educação está diante de uma realidade que a coloca frente a frente com inúmeros desafios. E ao invés de olhar a situação como ameaça, prefiro ver o leque de oportunidades que se descortina. Um relatório[1] sobre tendências, cujo trecho transcrevo a seguir, apresenta a realidade do ponto de vista empreendedor, ou seja, como negócio:

“Até o momento, muitos consumidores das Américas do Sul & Central se resignaram com a falta de acesso a novas ideias, conhecimento e educação formal e de qualidade; que, para a maioria dos cidadãos, tem um custo muito elevado.

Mas a realidade está mudando: o mundo digital colocou uma quantidade infinita de informação ao alcance de todos; os empreendedores se tornaram os novos “superstars”; e a nova e mais bem educada classe-média agora busca desenvolvimento e realização pessoal continuada.

Dois sinais dos tempos:

Em comparação com os consumidores internacionais, os consumidores das Américas do Sul & Central são os que mais valorizam o ensino superior: 94% dos brasileiros acreditam que o acesso ao ensino superior é vital; seguidos por 92% dos mexicanos, 92% dos chilenos e 91% dos venezuelanos – contra a média global de 78%. (Nielsen, setembro de 2013)

6 entre os 10 países em que os consumidores estão mais inclinados a comprar produtos e serviços produzidos por empresas que apoiam a educação se concentram nas Américas do Sul & Central (Colômbia: 90%, Brasil e Venezuela: 88%, Peru: 87%, Chile 83%). (Nielsen, setembro de 2013)”.

Educação, portanto, é a oportunidade da vez e os consumidores estão ávidos por qualidade e inovação. Eis aí um mercado e tanto para quem deseja navegar em oceanos azuis. E de olho nele estão novos entrantes, como as empresas de entretenimento e tecnologia. Gameficação e MOOC’s não estão aí por acaso.

Por outro lado, reconhecemos que a oferta de serviços educacionais, tanto no seu formato quanto no conteúdo, já não mais atende às expectativas da sociedade em franca mudança de paradigmas. Algumas das principais premissas desta nova realidade educacional já apresentamos em palestras e artigos anteriores, mas não custa nada lista-los aqui:

·        Dos horários fixos para as atividades dinâmicas;
·        Dos conhecimentos adquiridos dentro da sala de aula para aqueles obtidos fora da escola;
·        Do conhecimento teórico ao conhecimento aplicado na prática;
·        De respostas certas às perguntas abertas;
·        De problemas fictícios para os desafios reais;
·        Da aprendizagem passiva para uma participação ativa;
·        De aprender com a cabeça para aprender com o corpo inteiro;
·        De trabalhos individuais para a solução de problemas em conjunto;
·        Do professor como especialista onisciente para o professor como facilitador;
·        Da sala de aula formal a oficina experimental.

Diante de todo esse cenário, tenho apresentado aqui neste espaço algumas experiências inovadoras que acontecem mundo afora, sejam elas em escolas particulares, fundações, projetos de empresas ou na própria escola pública.

Uma delas, que considero interessante por unir várias das características e tendências citadas anteriormente, é o da Quest to Learn (Q2L).

Quest to Learn é um colégio público de Nova York. É, nas palavras dos responsáveis pelo projeto, “a primeira escola do mundo a ter 100% de seu currículo baseado em jogos”. “Não somos uma escola dirigida pela tecnologia, mas pelo engajamento”, afirma Waniewski. Para o pesquisador Tupy, da USP, “os recursos eletrônicos não são o fim e sim um meio para desenvolver temas como gestão de projeto, inovação, empreendedorismo”[2]. A Quest to Learn vem tendo os melhores resultados do sistema educacional de Nova York, segundo a matéria da revista Época Negócios.

Como boa parte das pessoas já percebeu, o sistema escolar tradicional, baseado na memorização, molda crianças para empregos tradicionais. Com os games, o objetivo é prepará-las para trabalho em equipe, soluções criativas, gerenciamento do tempo e estímulo ao pensamento independente, padrões e necessidades das novas empresas.

Ao entrarem na escola, cartelas com dez mandamentos necessários para desenvolver soluções criativas e conviver com os demais membros da comunidade são distribuídas aos alunos. Veja quais são esses mandamentos:

  1. Todas as ideias podem ser melhoradas: Fique aberto às mudanças e às oportunidades de tornar suas ideias melhores.
  2. Diversidade cria equilíbrio: Ser diferente é ok. Suas características únicas ajudam a tornar a equipe mais forte.
  3. Vença e perca com elegância: A derrota dá oportunidade de melhora, a vitória comprova o acerto;
  4. Tenha respeito pelos próximos: Todos são importantes para a manutenção de uma comunidade coesa e equilibrada.
  5. Colaborar faz diferença: Duas cabeças pensam melhor que uma. Nós precisamos do apoio e das ideias dos outros para vencer.
  6. Entre no jogo: Não tenha medo de sujar as mãos! Aprenda a calcular os riscos e a planejar a sua estratégia.
  7. Experimente: Use sua imaginação e criatividade para inventar; use os recursos da escola para dar vida às suas ideias.
  8. Ninguém fica à margem: Todos devem lembrar um ao outro por que fazem parte da equipe e como são importantes para ela.
  9. Seja persistente: Defenda a ideia em que você acredita e não desista. Se você cair, levante-se e tente novamente.
  10. Lidere pelo exemplo: Demonstre o comportamento positivo que você gostaria de ver nos outros. “

Será que é tão difícil assim?




[1] http://trendwatching.com/pt/southcentralamerica/trends/5trends2014/
[2] http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2013/12/uma-escola-feita-so-de-recreio.html

sexta-feira, setembro 27, 2013

A revolucionária escola sem aulas

O atual modelo de ensino organizado em salas de aula onde os alunos são agrupados distribuídos em vários níveis foi criado na Idade Média, imitando a disposição dos fiéis e sacerdotes nas igrejas. Este sistema organizacional pouco mudou desde então.



Agora, como lemos em Yorokobu, blog vencedor Prêmio Especial do Júri Blogs 2011, uma empresa que opera cerca de trinta escolas na Suécia ameaça revolucionar completamente este modelo.
Os centros docentes de Vittra não são escolas usuais. Essa rede de escolas consideraram que o modelo educacional deve mudar completamente, então propuseram acabar com as salas de aula. O objetivo é incentivar a criatividade dos alunos, e argumentam que o campus educacional em qualquer lugar é bom para aprender.

Os alunos dessas escolas não são regidos pelos mesmos princípios que o sistema educacional convencional, nem estão organizados em torno de temas e lições de vida. Sua filosofia comprometida com a tecnologia intensiva, educação bilíngüe e aprendizagem baseada na experiência e um sistema educacional capaz de recriar ambientes de aprendizagem baseadas na vida real.

O melhor exemplo desse estilo de ensino é Telefonplan, uma escola sem salas de aula que abriu em agosto passado, no Estocolmo. O projeto foi feito pelo escritório de arquitetura Rosan Bosch e afirma que a escola é mais uma ferramenta educacional.

Assim, em vez de salas de aula , os alunos têm muito espaço para estudar “conforme sua vontade” com seus laptops. Um enorme iceberg que serve como uma tela de cinema, diversas áreas comuns para aprender e interagir ou pequenas cabines ao ar livre, projetado para trabalhos em grupo, são algumas das inovações que emergem desta escola única.

São instalações quase futuristas que lembram mais escritórios de empresas como a Google do que as escolas tradicionais. Agora só precisamos de saber se os resultados serão bastante satisfatórios.

(Fonte: abc.es)

segunda-feira, julho 01, 2013

Professores de hoje

Em Primeira-mão 
Meu professor tem 13 anos
Por Marcelo Freitas

Como muitos dos leitores, tenho dois filhos em idade pré-adolescente. Uma experiência ímpar em todos os sentidos. Para nós educadores, então, um laboratório de observação sem igual. Lembro-me quando Júlia, a mais nova, interveio numa conversa entre os “adultos” da casa para fazer uma observação sobre a cultura Maia e me deixou de boca aberta. Tinha apenas 6 anos, à época. Intrigado, perguntei se havia aprendido aquilo na escola e, de repente, ela soltou: “não papai, foi no Discovery Kids”. 

Algumas conversas depois e lá vinha ela com outra consideração desse naipe. De novo perguntei: sua professora te disse isso? E ela novamente soltou: “não papai, passou no programa “X”, do Disney Chanel”. Bingo. Aí me perguntei: continuo pagando a escola ou somente a TV a cabo?

Ainda com aquilo girando pela cabeça saí com o Rafa, o mais velho. 8 aninhos na época. Enquanto dirigia, emprestei-lhe meu novo smartphone e disse que tinha um joguinho legal para ele brincar. Comentei que depois de pelo menos uma hora jogando, ainda não tinha conseguido avançar da primeira fase. Pelo retrovisor podia vê-lo no banco de trás, concentrado, “fuçando” o celular. Quando chegamos ao destino, perguntei a ele: “Conseguiu encontrar o joguinho? Tentou jogar”? E ele me respondeu, com a maior naturalidade: “Tô na fase 3”.

Hoje em dia, já com 13 anos, ele é meu consultor de mídias. Me ensina a jogar aqueles games que exigem atenção múltipla, destreza manual e raciocínio extremamente rápido para tomar decisões. Me mostra como baixar filmes, instalar softwares e coisas do gênero. Quando pergunto a ele como descobriu determinados “atalhos” no game, ele simplesmente me responde: “Ué, pai, digita aí no Google  - manhas do game X - que vc acha. Aproveita e assiste uns vídeos no Youtube sobre o joguinho. O que eu não descobri eu entrei numa comunidade com outros jogadores e eles me ensinaram”. Cheque-mate.

Estou dizendo tudo isso apenas para ilustrar como as novas gerações aprendem e lidam com o conhecimento. Chegam ao ponto de uma criança de 8 anos ensinar a outras em idade as mais variadas. A escola já não é mais o centro das atenções e da aprendizagem, embora esteja lá para cumprir a missão de ensinar. As novas gerações “se viram” de outras formas e o resultado final é extremamente próximo daqueles alcançados pela escola. Às vezes, até melhor.

Vi recentemente uma palestra  do indiano Sugata Mitra, na plataforma do conhecimento TED – Ideas Worth Spreading, onde ele relata situações semelhantes e suas experiências nesse universo. Fala sobre o modelo que suporta as escolas e de como preparamos nossos alunos para serem iguais, uns aos outros. E comenta sobre a capacidade das novas gerações em experimentar e aprender sozinhos ou com a ajuda de outras crianças e agentes, que não aqueles da escola formal. 

A exemplo do que ele fez, tente disponibilizar a uma criança em idade escolar um computador e veja o que acontece. Se os programas estiverem em outro idioma, não tem problema. Eles dão um jeito. Você se surpreenderá com o que essa criança fará num curto espaço de tempo. 

A moral da história é que a lógica do nosso sistema educacional e, em particular das nossas escolas, não se sustenta mais. É preciso incorporar novos paradigmas e começar a trabalhar noutra direção. Pergunto: Por que nossas escolas dividem as turmas de acordo com a faixa etária, por exemplo? Certamente não faltarão argumentos de professores e pedagogos para justificar essa premissa. Não os discuto. Apenas questiono se isso trás, de fato, resultados acima daqueles que seriam obtidos no caso de um grupo mais diversificado. Afinal, em casa, os irmãos geralmente aprendem uns com os outros, sem que tenham a mesma idade. As trocas e experiências nesse sentido são ricas. 

Os resultados apresentados por Sugata Mitra, os quais compartilho, nos faz realmente pensar diferente. Os maiores ensinando os menores. Os menores questionando os mais velhos e instigando-os a buscar respostas. Por que não?

As tecnologias estão à disposição para novas experiências de ensino-aprendizagem mas, antes de qualquer coisa, é preciso mudar o olhar. Ousar. Arriscar passos novos. Enxergar o que está acontecendo e, a partir daí, dar forma às novas maneiras de se aprender, tendo como base novas premissas. E aí sim, gerir um novo negócio chamado, quem sabe, “escola”.

(artigo a ser publicado na edição de agosto da Revista Gestão Educacional)

terça-feira, setembro 04, 2012

Microtendências

O novo comércio

Para quem vive com intensidade o espírito empreendedor, ficar antenado às tendências de mercado é fundamental. Gostaria de partilhar com os colegas e leitores deste blog 12 microtendências que podem iluminar o caminho dos mais ousados inovadores de plantão.

Clique no link a seguir e boa viagem.

http://trendwatching.com/pt/trends/minitrends/#techdomestics

segunda-feira, julho 16, 2012

Educação e rupturas necessárias

As rupturas necessárias

Já faz um tempo que venho defendendo um ponto de vista: a Educação e os processos de ensino e aprendizagem necessitam de uma reinvenção. Vejam bem: eu disse reinvenção. Não se pode pensar mais em melhorias. É necessário romper com tudo e com todos os paradigmas de um processo que foi baseado numa cultura vigente no século XIX. Talvez tenha sido mesmo eficiente naquela época. Agora não é mais.

Nessa mesma lógica de raciocínio, encontrei uma palestra genial, de um cara muito antenado nisso tudo. Chama-se Ken Robinson. Quem segue o meu twitter teve a oportunidade de ver uma das palestras dele. Quem segue este blog tem a chance de ver outra. Muito interessante, mesmo! Confira...




Quem quiser a transcrição da palestra, em português, pode também acessar o site pelo link:

http://www.ted.com/talks/sir_ken_robinson_bring_on_the_revolution.html

segunda-feira, julho 09, 2012

Tablets na sala de aula

O que fazer com o meu tablet?

Tenho visto um movimento significativo no sentido de levar a tecnologia para as salas de aula. Esse movimento, entretanto, ainda tem seu foco na infraestrutura, ou seja, nos equipamentos. O fato é que isso é apenas o começo do processo. A grande maioria dos nossos docentes não sabe mesmo o que fazer com eles, quando o recebem.

Escrevi um artigo para a revista Gestão Educacional sobre o assunto e gostaria de compartilhá-lo com você, caro frequentador desse blog.



O que eu faço com o meu tablet?

Por Marcelo Freitas

Tenho certeza de que a pergunta do título é uma daquelas que a maioria dos professores gostaria de fazer ao receber esse objeto de trabalho “modernoso”, das mãos do diretor da escola. Isso mesmo... ferramenta de trabalho. Evidente que nem todas as escolas ainda incorporaram o equipamento às suas práticas educativas e, assim, nem todos os professores ficaram de saia justa. Ainda.

Depois de muitos e muitos anos, a tecnologia que batia à porta das escolas recebeu permissão para entrar. Não que tenha sido fácil. Acredito mesmo que quem girou a maçaneta foram os alunos e aí...

O fato é que agora esses equipamentos estão pousando nas mesas e carteiras das salas de aula. Bom? Certamente. Eficaz? Ainda é cedo para dizer. Isso porque o equipamento é apenas o meio e não o fim do processo. Para que seja de fato eficaz é preciso que os professores saibam operá-lo com maestria. É fundamental que saibam extrair dele o melhor e, principalmente, que definam que conteúdo será colocado lá dentro e o que fazer com ele na sala de aula.

A equação não é fácil. Se o processo de encaixá-lo no material didático está sendo parcialmente “resolvido” pelas redes de ensino (embora a maioria tenha apenas digitalizado seu material apostilado e depositado no equipamento, substituindo a papelada pelo conteúdo em bits e bytes), a maneira com que será utilizado em todo o seu potencial ainda é uma questão a descoberto.

A nova mídia requer outros conceitos de aprendizagem e novas metodologias de apresentação dos conteúdos, centradas nas hipermídias. Não é apenas a transposição do papel para a telinha. Isso não funciona. É preciso dar dinâmica aos conteúdos, manter o pique multitarefa dos alunos. Envolver e mesclar vários temas simultaneamente. Fazer essa geração de antenados manter a concentração não é mole.

E nesse aspecto o que se vê é uma carência conteúdos concebidos para o uso pedagógico nas mídias digitais. Não é por acaso que as aulas no YouTube fazem tanto sucesso, com milhões de acessos. Mas é preciso pensar maior. É importante explorar, e integrar, não somente as possibilidades de tablets e notebooks, mas também dos celulares. Eles são uma poderosa ferramenta para a aprendizagem. Fazer pequenas tarefas ou jogar em rede com os colegas pode ser uma fonte inesgotável a explorar. E para isso não basta apenas o conteúdo. É preciso forma, interatividade, criatividade, desafio.

Nesse particular, os jogos saem na frente. Se aproveitados com imaginação, eles podem se transformar numa excelente ferramenta de ensino. E é aqui que o papel dos educadores se torna fundamental. É deles que deve partir a iniciativa de transformar e adaptar o conteúdo dos currículos aos jogos e aplicativos. E isso pode ser feito de imediato, pois existe uma enormidade de games nas prateleiras das grandes livrarias capazes de preencher espaços significativos na aquisição de habilidades e competências.

Um exemplo? SimCity. Esse famoso game é a simulação de uma cidade em construção. Nela o jogador assume a posição de prefeito e, a partir daí, é colocado em contato com uma gama de situações e problemas. Já imaginou que potencial de aprendizagem para competências e habilidades como planejamento, tomada de decisão, gestão de recursos, definição de prioridades etc...etc.... ? E em relação aos conteúdos específicos, como geografia e matemática?

Na linha dos simuladores, existe ainda uma infinidade de outros títulos que podem ser trabalhados na perspectiva multidisciplinar, envolvendo desde a gestão de clubes de futebol e basquete, até simuladores de vôo e construção de ferrovias, passando por jogos de estratégia e conhecimento. Enfim, um mundo de opções a explorar.

No frigir dos ovos, não está faltando tanto assim. Falta apenas mais criatividade para sair da mesmice. Educadores, segurem suas manetes e boa viagem.



quarta-feira, março 14, 2012

Inovação melhora

O Brasil está mais inovador?


Interessante uma pesquisa recente realizada pela GE com 2,8 mil executivos de 22 países, o Brasil inclusive (200). Para a maioria deles, nosso país está mais inovador. Veja o que eles pensam:

  • 80% dos entrevistados acreditam que pequenas e médias empresas e indivíduos podem ser tão inovadores quanto grandes empresas;
  • Para 74% dos executivos inovação precisa ser dirigida para atender a necessidades específicas de um mercado;
  • Já para 73% desses executivos, inovação é mais impulsionada por pessoas criativas do que por pesquisas científicas;
  • No geral, 80% dos entrevistados afirmam que o ambiente de inovação melhorou nos últimos cinco anos.
O Brasil apresentou-se num grupo de "muito otimistas", que considera que a inovação irá se converter em melhorias na vida das pessoas. Por outro lado, consideram que o ambiente da inovação em nosso país é desfavorável, ao contrário da China, onde a maioria entende esse ambiente como muito favorável à inovação. Índia e Estados Unidos se apresentaram como países onde o ambiente de inovação é "balanceado".

Mas, se estamos de fato melhorando, quem está gerando essas inovações?

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Marketing futurista

Um dia feito de vidro

Na época do marketing virtual, das redes sociais e da tecnologia, uma grande sacada é transformar a mensagem em algo subliminar. A Corning, empresa líder na fabricação de vidros especiais e cerâmica, nos mostra sua visão de futuro. E, entre as várias situações que apresenta, um elemento comum permeia cada cena: o vidro.

Está aí uma maneira suave de promover seu produto. e muito engenhosa também. Veja o vídeo e prepare-se para o que vem por aí.

segunda-feira, maio 25, 2009

conflitos

Faça do limão uma boa limonada


As coisas nem sempre são como aparentam. Pelo menos se você tiver uma estratégia adequada para avaliar a situação e entender todos os lados da questão. Uma dose de criatividade e de empatia ajuda muito a transformar uma ameaça e oportunidade. Veja o caso a seguir e pense nisso.

Na época da campanha de Theodore Roosevelt à presidência dos Estados Unidos, em 1912, o diretor da campanha descobriu que havia cometido um grande erro: não haviam obtido os direitos autorais para utilizar a foto que estampava um folheto de propaganda. Poderiam ser processados e ter que pagar U$1,00 por exemplar. Para 3 milhões de folhetos, R$3 milhões de dólares. Então o diretor da campanha precisou negociar com o fotógrafo, com base no máximo que estaria disposto a pagar pelo acordo.

A alternativa seria jogar fora os folhetos e imprimir novos, o que lhe custaria R$ 14 mil dólares. Ele, então, escreveu em telegrama ao fotógrafo: "Planejando distribuir 3 milhões de cópias do discurso de campanha com fotografias. Excelente oportunidade para fotógrafos. Quanto você está disposto a nos pagar para u
sar a sua foto?"

A resposta: "Eu aprecio a oportunidade. Só posso pagar R$200." Foi assim que o fotógrafo pagou a campanha.


quarta-feira, janeiro 03, 2007

Marketing - A nova onda

Quem faz o comercial é você

A última novidade do marketing: convidar consumidores para criar e produzir anúncios publicitários


David Bergman / Corbis
Por Daniel Hessel Teich
EXAME


A rede de lanchonetes Burger King resolveu romper os limites da propaganda tradicional para comemorar a abertura de sua 25a loja no Brasil, em dezembro. Na tentativa de potencializar os efeitos de sua estratégia de marketing, a empresa convocou seus clientes para produzir o comercial. O vídeo que apresentar a forma mais criativa de pedir um hambúrguer da rede será exibido pela MTV a partir da próxima semana. "A idéia é seguir no Brasil a mesma linha de vanguarda da publicidade da matriz americana", diz Afonso Carlos Braga, executivo de marketing da empresa. As campanhas publicitárias do Burger King nos Estados Unidos, feitas pela agência Crispin Porter + Bogusky, tornaram-se ícones de criatividade e interatividade na internet. Uma das criações da agência é o site Subservient Chicken (Galinha Subserviente), no qual o internauta cria situações encenadas por um sujeito fantasiado de galinha. Desde que entrou no ar, há dois anos, o site já teve mais de 500 milhões de acessos -- um dos maiores sucessos da rede de computadores.
O Burger King brasileiro embarcou em uma tendência que ganha fôlego nos Estados Unidos. Em fevereiro do ano que vem, pelo menos três comerciais feitos por pessoas comuns serão exibidos nos intervalos do Super Bowl, a finalíssima do campeonato nacional de futebol americano, que neste ano foi assistida por 90 milhões de pessoas. É a maior vitrine de marketing do país, na qual a veiculação de um filme de 30 segundos custa 2,6 milhões de dólares. Entre os anunciantes do Super Bowl que investiram na fórmula estão nomes como GM (com a marca Chevrolet), Frito-Lay (Doritos) e a própria Liga Nacional de Futebol Americano (NFL), a pro motora do evento. O sistema de escolha varia de acordo com o anunciante. A NFL vai premiar um roteiro que será filmado por um diretor profissional. O Doritos adota estratégia semelhante à do Burger King brasileiro, com os vídeos enviados pelo YouTube. Já a GM preferiu centrar seu concurso em estudantes de publicidade e cinema. "É uma forma de atingir o público jovem, bastante reticente aos formatos tradicionais de propaganda", disse Steve McGuire, gerente de publicidade da Chevrolet americana, à revista especializada em publicidade Adweek.
Os comerciais interativos, hoje consagrados por anunciantes de grande porte, surgiram na internet há dois anos. Munidos de câmeras de vídeo digitais e valendo-se do recém-criado YouTube para divulgar seus filmes, os internautas começaram a produzir paródias de comerciais de marcas famosas. Os marqueteiros das empresas resolveram tirar partido dessa situação. A primeira grande empresa a usar o recurso foi a Converse, dona da marca All Star. A empresa criou um site chamado Converse Gallery para que artistas e estudantes de cinema e de publicidade enviassem filmes que simulassem comerciais. Foi um tremendo sucesso. Ainda hoje os internautas mandam contribuições para o site, que conta com um acervo de 80 filmes, todos feitos por consumidores.


Como toda novidade, campanhas interativas implicam riscos. Uma visita ao site brasileiro do Burger King mostra um deles -- os filmes postados para a promoção estão abaixo de qualquer padrão de qualidade. Outro risco é a perda de controle sobre a imagem pública da marca. No início deste ano, a Chevrolet inaugurou um site dotado de uma série de ferramentas que permitiam ao internauta criar um vídeo para o automóvel Tahoe (utilitário esportivo de grande porte). Alguns consumidores passaram, então, a usar as ferramentas para produzir paródias que criticavam e ridicularizavam o carro. A principal crítica dos consumidores/ativistas era o alegado alto consumo de combustível de modelos como o Tahoe. Por conseqüência, na visão dos internautas, a GM tornava-se uma das principais vilãs do aquecimento global. Quando a empresa percebeu, era tarde demais. A página foi tirada do ar, mas cópias dos vídeos já estavam circulando no YouTube, onde podem ser vistas até hoje. "Esse é um lado que temos de levar em conta quando abrimos espaço para a colaboração do público. A situação pode sair do controle", diz Abel Reis, vice-presidente de tecnologia da agência Click, que criou uma campanha interativa para o automóvel Idea Adventure, da Fiat, para ser exibida em cinemas. Diferentemente do que aconteceu com a GM e do formato adotado pelo Burger King, a campanha da Fiat não leva a interatividade às últimas conseqüências. O consumidor escolhe trechos pré-gravados para montar o comercial. Ao todo serão possíveis 16 combinações diferentes, mas nenhuma oferece risco.

Nosso Comentário
Como toda novidade, esta também há de causar ainda muita polêmica. Importante, nesse momento, é avaliar os pontos positivos e negativos, além daqueles já apontados acima. É inegável que tal iniciativa deve acarretar uma significativa redução nos custos de propaganda, uma vez que atua em duas vertentes: transfere para o cliente os custos de produção e criação e ainda proporciona um estreitamento nas relações entre a empresa e o seu público. Além disso, na medida em que os clientes se aproximam da empresa, cria-se também a possibilidade de ampliar o leque de pesquisas para novos produtos, em virtude da percepção sobre a demanda e os pontos de vista dos clientes em relação aos produtos existentes.


Na outra ponta, uma das maiores desvantagens é abrir o flanco para arranhões na imagem institucional. Além disso, mensagens mal passadas podem gerar zonas de desconforto junto a clientes atuais, possibilitando o abandono de serviços e produtos.


A sorte está lançada... vamos ver no que vai dar.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Cidadania nos cinemas

Ahhh, as filas...

Já faz uns cinco anos que venho pregando a venda de ingressos numerados para os cinemas. A exemplo do que ocorre nos teatros, os expectadores poderiam comprar seus tíquetes com assento numerado, na bilheteria ou pela internet, poupando tempo e evitando as intermináveis as filas. Hoje a coisa funciona mais ou menos assim: você tem que chegar ao cinema umas duas horas antes das sessões mais concorridas. Aí enfrenta uma fila, de mais ou menos uma hora, para comprar as entradas. Daí, muda de fila e aguarda outra uma hora para ver se consegue pegar um lugar melhor na platéia.


Num mundo onde a corrida pela economia de tempo é permanente, isso é um descalabro. Depois de cinco anos pregando aos quatro ventos, parece que agora as cadeias de cinema começam a se sensibilizar para o fato e promover a experiência. Claro que no início haverá o costumeiro chiado daqueles desorganizados que chegam em cima da hora e ainda querem assento nos locais privilegiados. Entretanto, a adoção desta prática vai permitir que as pessoas possam se programar melhor e ainda economizar muito de seu tempo, alocando-o para outras atividades que não a de ficar em pé na fila.


Trata-se de um processo de educação e cidadania. Um solavanco naqueles que comungam com a Lei de Gérson (aquela mesma do “levar vantagem em tudo...certo?”), permitindo que se possa chegar minutos antes da sessão e sentar-se na poltrona escolhida. Tudo muito simples... bem civilizado. Vamos ver se o jeitinho brasileiro não vai distorcer mais esse passo no caminho da civilidade.