segunda-feira, setembro 25, 2006

Política e voto


Liberdade do voto
Uma verdadeira democracia começa pela liberdade do cidadão de escolher seus representantes? Não. Na verdade ela começa pelo poder de exercer ou não esse direito. Essa questão precede a primeira. Nenhum cidadão deveria ser obrigado a votar, pois isso acaba ferindo o direito ao livre arbítrio, na sua raiz.

A obrigatoriedade do voto acaba por arranhar o direito básico da democracia e da liberdade. Como pode alguém dizer que é livre para votar em quem quiser se, antes disso, ele é obrigado a fazê-lo? A questão do voto compulsório, no fundo, desqualifica o voto. Permite que cidadãos apenas o exercitem por força da obrigatoriedade, transformando-o numa simples atividade que, se não realizada, implica em penalidades.

Através do voto obrigatório, transformamos a qualidade em quantidade. Multidões de despreparados, mal-informados e alienados políticos votam em qualquer um ou naqueles cujas promessas de benefícios voláteis lhe são apresentados na forma de promessas ou ameaças. O resultado disso estamos presenciando: a verdadeira espoliação do bem público por um bando de ladrões instalados no poder. Até quando teremos que sujeitar o país às escolhas daqueles menos iluminados? A quem interessa o voto do menos esclarecido (apesar da resposta nos parecer óbvia!)? Quanto deixaremos de trocar a qualidade pela quantidade?

Se a reforma política um dia vier a acontecer, que tal começar pela não-obrigatoriedade do voto?

segunda-feira, setembro 18, 2006

Cidadania nos cinemas

Ahhh, as filas...

Já faz uns cinco anos que venho pregando a venda de ingressos numerados para os cinemas. A exemplo do que ocorre nos teatros, os expectadores poderiam comprar seus tíquetes com assento numerado, na bilheteria ou pela internet, poupando tempo e evitando as intermináveis as filas. Hoje a coisa funciona mais ou menos assim: você tem que chegar ao cinema umas duas horas antes das sessões mais concorridas. Aí enfrenta uma fila, de mais ou menos uma hora, para comprar as entradas. Daí, muda de fila e aguarda outra uma hora para ver se consegue pegar um lugar melhor na platéia.


Num mundo onde a corrida pela economia de tempo é permanente, isso é um descalabro. Depois de cinco anos pregando aos quatro ventos, parece que agora as cadeias de cinema começam a se sensibilizar para o fato e promover a experiência. Claro que no início haverá o costumeiro chiado daqueles desorganizados que chegam em cima da hora e ainda querem assento nos locais privilegiados. Entretanto, a adoção desta prática vai permitir que as pessoas possam se programar melhor e ainda economizar muito de seu tempo, alocando-o para outras atividades que não a de ficar em pé na fila.


Trata-se de um processo de educação e cidadania. Um solavanco naqueles que comungam com a Lei de Gérson (aquela mesma do “levar vantagem em tudo...certo?”), permitindo que se possa chegar minutos antes da sessão e sentar-se na poltrona escolhida. Tudo muito simples... bem civilizado. Vamos ver se o jeitinho brasileiro não vai distorcer mais esse passo no caminho da civilidade.