segunda-feira, outubro 31, 2005

Educação de Segunda Divisão

O que o futebol nos diz sobre o sistema de cotas na educação


Já faz algum tempo que dois segmentos de atividade importantes no país tentam estabelecer igualdade de condições de ascensão a todos os que dele participam: a Educação e o futebol. Entretanto, nessa perspectiva, tomaram caminhos diferentes. Enquanto a educação tratou de estabelecer cotas para as minorias, assegurando-lhes espaços privilegiados e critérios distintos dos demais, o futebol tomou outra trajetória.

Ancorado num estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas, a Confederação Brasileira de Futebol estabeleceu uma completa reformulação nos critérios das competições, organizou um calendário e, principalmente, começou a levar a sério as coisas. Ao fazer isso, firmou o conceito de manter as decisões, os critérios e o regulamento.

Numa tentativa de defender seu espaço, os maiores clubes criaram o Clube dos Treze. Num primeiro momento, tentou assegurar a permanência dos 13 maiores clubes do país na primeira divisão, independente do critério de acesso e descenso estabelecido pela CBF. Em vão. O critério veio para ficar. Com isso, o futebol criou condições de justiça, onde a meritocracia se sobrepõe ao “status quo”, à fama e às conquistas do passado. O melhor, mais organizado, mais profissional e preparado, leva.

Na educação, ao contrário, ao se criar o sistema de cotas, o que se consegue é abrir espaço para a mediocridade, escondendo debaixo do tapete o real problema: estabelecer uma educação pública de qualidade na base – desde a educação infantil – para que, ao chegar às portas do ingresso na universidade, os seus remanescentes possam gozar das mesmas chances que os demais.

Caso não seja assim, estamos fadados a criar uma Educação de segunda divisão...

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