sexta-feira, dezembro 27, 2013

Poder dos Introvertidos

Introvertido eu?

É cada vez maior a ideia de que as pessoas, para alcançarem o sucesso, tenham que ser extrovertidas. Aquelas mais tímidas ou, como queiram, introvertidas, são postas à margem dos processos mais importante nas empresas ou  esquecidas no cantinho da sala de aula.

Mas será que não estamos marginalizando cérebros fabulosos ao estabelecermos esse fator como verdade? Uma palestra interessante a respeito para você pensar e deixar seu comentário.

segunda-feira, dezembro 16, 2013

Competências na escola

Crianças Pasteurizadas S/A.
Por Marcelo Freitas

Nos últimos anos tenho pregado a necessidade de reinventarmos a escola. Precisamos descobrir o mapa da mina de como as pessoas aprendem nesse mundo conectado para, em seguida, desvendarmos novas maneiras de ensinar.

Venho batendo na mesma tecla: o nosso modelo de escola, exauriu. Não comporta mais ajustes e remendos. Precisa de ruptura. É difícil para muita gente conceber essa ideia e, por isso mesmo, as coisas simplesmente não acontecem. O nosso modelo atual parte de premissas lineares, como a ideia de que todas as pessoas têm que saber um leque de conteúdos que apenas poucos de nós vão usar. Eu sempre me pergunto: Por quê?

Uns dizem que só assim teremos uma boa base, outros que se trata de cultura geral. Os mais entusiasmados, dizem que isso é ser educado. O fato é que ainda não conseguiram me convencer. A realidade é que somos todos incompetentes em alguma coisa. Somos humanos e isso é parte da nossa natureza. Se somos incompetentes em certos campos o inverso disso também é verdadeiro: cada um de nós é competente em alguma coisa. Então, por que as escolas insistem em focar nas fraquezas quando deveriam se esforçar para fortalecer nossas virtudes?

O pilar educacional de hoje nivela todos os conhecimentos, pois parte do princípio de que todos são iguais em suas capacidades. Ele desconsidera as habilidades naturais e as competências que temos mais aptidão para desenvolver e foca nos nossos pontos fracos. Naquilo que temos dificuldades em aprender.  Quer um exemplo? Quantas vezes já chamamos pais na escola porque seu filho(a) perdeu média em determinada disciplina? Dizemos que precisa de reforço escolar, que precisa estudar mais... Desconsideramos o fato de que este mesmo aluno(a) tenha sido excepcionalmente bem numa outra disciplina. É ou não é assim?
Pois entre um compromisso e outro, naqueles intermináveis minutos numa sala de embarque, me conectei e assisti a palestra de Susan Cain, uma especialista em comportamento. O título da apresentação era: O poder dos introvertidos. Ela comenta sobre como as pessoas introvertidas (e não tímidas, existe uma diferença) podem contribuir para os processos criativos, sobre como lidam com o ambiente à sua volta e como as escolas alimentam o preconceito sobre este tipo de pessoa. No ambiente escolar, os alunos são estimulados a aprender e a serem mais comunicativos. São, em geral, projetos e ambientes criados para os extrovertidos, que precisam de muita estimulação. Quem não segue o padrão, está fora. É esquisito, caladão.

Temos a falsa ideia de que toda a criatividade e produtividade vêm de um lugar curiosamente gregário. A questão é que precisamos, sim, de trabalho em equipe. Mas também precisamos de locais silenciosos, onde possamos dar oportunidade àqueles que se sentem bem em ambientes calmos, onde conseguem produzir mais e melhor. Isso não acontece só na escola. No trabalho, pessoas introvertidas são colocadas de lado nos cargos de liderança. Então por que pessoas com o perfil de Gandhi se deram tão bem, arrastando multidões?

É importante considerarmos que a introversão muitas vezes é o ingrediente crucial para a criatividade. Vejam o caso de Darwin, que fazia longas caminhadas sozinho enquanto meditava sobre suas observações ou algo mais recente: Steve Wozniak. Ele inventou o primeiro computador Aple, sozinho, sentado em seu cubículo na HP, onde trabalhava.

Todas essas considerações são apenas para dizer o óbvio: precisamos de um modelo escolar que considere as características individuais, construído sobre as diferenças e não sobre as semelhanças. Algo que consiga direcionar esforços para os pontos fortes e não para as fraquezas e dificuldades individuais de cada um de nossos estudantes. Onde as virtudes possam ganhar mais espaço que as deficiências. Que se danem o currículo único, as mesmas métricas para todos e a pasteurização dos nossos jovens. Precisamos estimular competências únicas, habilidades individuais e apoiar currículos que considerem essas particularidades.
Precisamos formar pessoas que sejam criativas, inovadoras e aptas a exercer liderança positiva e proativa. Penso, particularmente, que a chamada geração Y pode dar um importante contributo o sentido de quebrar paradigmas no segmento educacional, a partir do momento em que assumir cargos de liderança e direção. Novas ideias no comando, novas maneiras de entender e dirigir o negócio Escola.  Vamos dizer “Não” à pasteurização dos nossos jovens.


(Artigo Publicado pela revista Gestão Educacional / 2013)

sexta-feira, dezembro 13, 2013

O escritório é o melhor lugar para se trabalhar. Será?

Um ponto de vista interessante sobre a produtividade no trabalho é colocada por Jason Fried, nesta palestra proferida para o TED. Já pensou numa quinta-feira onde ninguém fala com ninguém no escritório? O que aconteceria? Já imaginou 4 horas de trabalho ininterrupto, telefones mudos, emails desligados e coisas do tipo?

Assista o vídeo e compartilhe sua opinião conosco.




quinta-feira, novembro 28, 2013

Escola Estúdio

Escola Estúdio: Uma experiência no Reino Unido

Por Marcelo Freitas



Em todo o mundo, há um consenso crescente de que os nossos sistemas de educação estão quebrados. Não são poucos os educadores que nos oferecem lições de como podemos re-imaginar a escola. Essas ideias e experiências, entretanto, ainda que apresentem resultados positivos, não têm sido capazes de convencer os conservadores do “cuspe e giz” nem quebrar os paradigmas retrógrados, sempre reforçados pelo corporativismo vigente. Mas contra fatos não há argumentos. Vejamos.

Temos hoje dois grandes problemas centrais em se tratando de escolas. De um lado, estudantes entediados com o modelo educacional que não os desafia nem os convence a ter gosto em ir para a escola. Do outro, somos brindados com um contingente elevado de jovens despreparados para a vida e o mercado de trabalho, como resultado do processo educacional proporcionado por essas escolas.

Então temos de nos perguntar: Que escola é essa em que os jovens lutam para entrar mas não estão lutando para permanecer? Que escola é essa que anda em descompasso com o mundo? Alguma coisa está errada, certamente. Então pergunto eu: e por que não mudamos?

Essas perguntas ecoam mundo afora e foram objeto de um projeto educacional no Reino Unido, alavancado pela “Young Foundation[1], uma organização que se propõe apresentar um instrumental na condução pensamento, ação e mudança na inovação social no Reino Unido e no exterior, inclusive em áreas como a educação. O projeto denomina-se Escola Estúdio. Ele parte de constatações concretas que, assim como lá, também são verdades em terras tupiniquins.

Através de pesquisas, os educadores locais constataram que um grande número de jovens:

  • Aprende melhor fazendo;
  • Aprende ainda mais, fazendo coisas “de verdade”;
  • E apresentam melhor rendimento quando trabalhando em grupo.

Ou seja, exatamente de maneira oposta ao que as nossas escolas, de modo geral, têm como premissas nos seus modelos de ensino-aprendizagem, assim como nas suas ações pedagógicas. Conteúdos desconectados da realidade prática e conceitos meramente teóricos são a base dos nossos sistemas de ensino atuais.

Daí que esse grupo de pesquisadores e educadores resolveu virar a educação pelo avesso. Partiram para a execução do projeto, construindo um protótipo. Ao colocarem em prática o modelo, identificaram o que deu errado e aprimoraram o sistema, tornando-o mais eficiente. Ainda assim, com o projeto ainda em fase de adaptações, perceberam que os jovens o amaram.

A percepção dos alunos que passaram pela experiência é de que, dessa maneira, o processo de aprendizagem é mais motivador e mais estimulante. A escola passou a ser um lugar de desafios e conquistas. Um lugar mais atraente e muito mais prazeroso, portanto.

O resultado é que, dois anos depois de implantado o projeto, os alunos que estavam nos grupos de pior performance saltaram para o topo da lista e engordaram o quartil mais alto.

Mais interessante ainda é que este projeto aconteceu sem o apoio da mídia e sem grande apoio financeiro, também. Espalhou-se pelo boca-a-boca, de forma viral, por professores, pais e pessoas envolvidas com a educação. Ganhou adeptos, em suma, pelo poder da ideia de virar a educação pelo avesso e pela força de vontade de pessoas que se empenharam em “fazer acontecer”.

A principal mudança no paradigma foi pegar coisas que eram superficiais no modelo atual, como trabalho em equipe e projetos práticos e colocá-los no núcleo da aprendizagem, ao invés de nas margens.

O que essa experiência nos mostra, portanto, é que precisamos, em alguns casos, apenas de um pouco de boa vontade para abrir mão de processos que já exauriram. É preciso, antes de tudo, reconhecer que no mundo de hoje não há mais lugar para um modelo educacional do século XIX.


[1] www.youngfoundation.org

sexta-feira, setembro 27, 2013

A revolucionária escola sem aulas

O atual modelo de ensino organizado em salas de aula onde os alunos são agrupados distribuídos em vários níveis foi criado na Idade Média, imitando a disposição dos fiéis e sacerdotes nas igrejas. Este sistema organizacional pouco mudou desde então.



Agora, como lemos em Yorokobu, blog vencedor Prêmio Especial do Júri Blogs 2011, uma empresa que opera cerca de trinta escolas na Suécia ameaça revolucionar completamente este modelo.
Os centros docentes de Vittra não são escolas usuais. Essa rede de escolas consideraram que o modelo educacional deve mudar completamente, então propuseram acabar com as salas de aula. O objetivo é incentivar a criatividade dos alunos, e argumentam que o campus educacional em qualquer lugar é bom para aprender.

Os alunos dessas escolas não são regidos pelos mesmos princípios que o sistema educacional convencional, nem estão organizados em torno de temas e lições de vida. Sua filosofia comprometida com a tecnologia intensiva, educação bilíngüe e aprendizagem baseada na experiência e um sistema educacional capaz de recriar ambientes de aprendizagem baseadas na vida real.

O melhor exemplo desse estilo de ensino é Telefonplan, uma escola sem salas de aula que abriu em agosto passado, no Estocolmo. O projeto foi feito pelo escritório de arquitetura Rosan Bosch e afirma que a escola é mais uma ferramenta educacional.

Assim, em vez de salas de aula , os alunos têm muito espaço para estudar “conforme sua vontade” com seus laptops. Um enorme iceberg que serve como uma tela de cinema, diversas áreas comuns para aprender e interagir ou pequenas cabines ao ar livre, projetado para trabalhos em grupo, são algumas das inovações que emergem desta escola única.

São instalações quase futuristas que lembram mais escritórios de empresas como a Google do que as escolas tradicionais. Agora só precisamos de saber se os resultados serão bastante satisfatórios.

(Fonte: abc.es)

quinta-feira, julho 18, 2013

Papo de Congresso

Especial













Ensino escolar e novas mídias ainda não estão conectados 

Pauta sobre utilizar as tecnologias em favor do processo de aprendizagem foi abordada pelo o especialista em Gestão Educacional Marcelo Freitas, em conferência desta quinta-feira à tarde no 12º Congresso do Ensino Privado Gaúcho
As novas mídias ensinam formas totalmente diferentes de se comunicar e relacionar todos os dias às pessoas. Crianças e adolescentes, em especial, nasceram familiarizados com estes recursos, mas as escolas e os educadores ainda estão nos primórdios de como utilizá-los em favor do processo de ensino e aprendizagem. O especialista em gestão educacional Marcelo Freitas falou acerca deste desafio ao público do 12º Congresso do Ensino Privado Gaúcho, promovido pelo SINEPE/RS. A programação da tarde desta quinta-feira (18) iniciou com conferência sobre "As mídias na arquitetura das aprendizagens".

"O que estamos chamando de novas mídias são as TIC`s (Tecnologias da Informação e Comunicação) e, apesar de toda a disseminação desses meios, eles ainda são pouco compreendidos no universo escolar", avalia Freitas. De acordo com ele, as crianças de hoje encontram na escola um ambiente arcaico, passivo, construído sobre os paradigmas dos séculos XVIII e XIX. "E eles precisam ser totalmente quebrados! Há necessidade de uma grande ruptura, de recriar muitas coisas, e não apenas readaptar", salientou.  

NÃO BASTA INTRODUZIR TABLETS OU LOUSAS DIGITAIS
O mundo de agora funciona de outra maneira. As crianças e jovens, desde a fase mais tenra da idade, aprendem de forma interativa, com ou sem a presença dos adultos, pais ou professores. Freitas explicou que as mídias são apenas aquilo que o próprio nome diz: os meios. "Acontece que as TIC`s trazem consigo outra lógica e é exatamente isso o que causa o conflito. Não basta introduzir tablets, lousas digitais e ambientes tridimensionais, se continuamos colocando nossos alunos sentados em fila na sala de aula e aplicando o mesmo conteúdo de maneira homogênea para todos eles". 

Cada um exige um tipo de lidar com a aprendizagem que é diferente do outro. Em sua visão, a reinvenção dos processos de ensino-aprendizagem, deve ser apoiada no uso das novas tecnologias, mas, principalmente, na quebra dos paradigmas. "Por isso, precisa haver uma revisão total dos processos, desde os parâmetros técnicos até às avaliações. "Não insistir em reforçar as fraquezas do aluno, melhor é concentrar esforços no que ele pode se sobressair". Completou refletindo que os professores não têm o papel de formar, isto é, colocar em formas, mas sim de desenvolver. 

EVENTO
O Congresso do Ensino Privado Gaúcho, promovido pelo SINEPE/RS, é um dos maiores eventos do setor educacional no País. Em sua 12ª edição, neste ano reúne mais de 2,7 mil pessoas para debater o tema "A maestria do professor na arquitetura da aprendizagem", no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre. O objetivo é discutir os desafios e as oportunidades para o professor, sua relação com as novas tecnologias e a sociedade e seu papel enquanto líder do processo de ensino e aprendizagem
por Ana Cristina Basei

segunda-feira, julho 01, 2013

Professores de hoje

Em Primeira-mão 
Meu professor tem 13 anos
Por Marcelo Freitas

Como muitos dos leitores, tenho dois filhos em idade pré-adolescente. Uma experiência ímpar em todos os sentidos. Para nós educadores, então, um laboratório de observação sem igual. Lembro-me quando Júlia, a mais nova, interveio numa conversa entre os “adultos” da casa para fazer uma observação sobre a cultura Maia e me deixou de boca aberta. Tinha apenas 6 anos, à época. Intrigado, perguntei se havia aprendido aquilo na escola e, de repente, ela soltou: “não papai, foi no Discovery Kids”. 

Algumas conversas depois e lá vinha ela com outra consideração desse naipe. De novo perguntei: sua professora te disse isso? E ela novamente soltou: “não papai, passou no programa “X”, do Disney Chanel”. Bingo. Aí me perguntei: continuo pagando a escola ou somente a TV a cabo?

Ainda com aquilo girando pela cabeça saí com o Rafa, o mais velho. 8 aninhos na época. Enquanto dirigia, emprestei-lhe meu novo smartphone e disse que tinha um joguinho legal para ele brincar. Comentei que depois de pelo menos uma hora jogando, ainda não tinha conseguido avançar da primeira fase. Pelo retrovisor podia vê-lo no banco de trás, concentrado, “fuçando” o celular. Quando chegamos ao destino, perguntei a ele: “Conseguiu encontrar o joguinho? Tentou jogar”? E ele me respondeu, com a maior naturalidade: “Tô na fase 3”.

Hoje em dia, já com 13 anos, ele é meu consultor de mídias. Me ensina a jogar aqueles games que exigem atenção múltipla, destreza manual e raciocínio extremamente rápido para tomar decisões. Me mostra como baixar filmes, instalar softwares e coisas do gênero. Quando pergunto a ele como descobriu determinados “atalhos” no game, ele simplesmente me responde: “Ué, pai, digita aí no Google  - manhas do game X - que vc acha. Aproveita e assiste uns vídeos no Youtube sobre o joguinho. O que eu não descobri eu entrei numa comunidade com outros jogadores e eles me ensinaram”. Cheque-mate.

Estou dizendo tudo isso apenas para ilustrar como as novas gerações aprendem e lidam com o conhecimento. Chegam ao ponto de uma criança de 8 anos ensinar a outras em idade as mais variadas. A escola já não é mais o centro das atenções e da aprendizagem, embora esteja lá para cumprir a missão de ensinar. As novas gerações “se viram” de outras formas e o resultado final é extremamente próximo daqueles alcançados pela escola. Às vezes, até melhor.

Vi recentemente uma palestra  do indiano Sugata Mitra, na plataforma do conhecimento TED – Ideas Worth Spreading, onde ele relata situações semelhantes e suas experiências nesse universo. Fala sobre o modelo que suporta as escolas e de como preparamos nossos alunos para serem iguais, uns aos outros. E comenta sobre a capacidade das novas gerações em experimentar e aprender sozinhos ou com a ajuda de outras crianças e agentes, que não aqueles da escola formal. 

A exemplo do que ele fez, tente disponibilizar a uma criança em idade escolar um computador e veja o que acontece. Se os programas estiverem em outro idioma, não tem problema. Eles dão um jeito. Você se surpreenderá com o que essa criança fará num curto espaço de tempo. 

A moral da história é que a lógica do nosso sistema educacional e, em particular das nossas escolas, não se sustenta mais. É preciso incorporar novos paradigmas e começar a trabalhar noutra direção. Pergunto: Por que nossas escolas dividem as turmas de acordo com a faixa etária, por exemplo? Certamente não faltarão argumentos de professores e pedagogos para justificar essa premissa. Não os discuto. Apenas questiono se isso trás, de fato, resultados acima daqueles que seriam obtidos no caso de um grupo mais diversificado. Afinal, em casa, os irmãos geralmente aprendem uns com os outros, sem que tenham a mesma idade. As trocas e experiências nesse sentido são ricas. 

Os resultados apresentados por Sugata Mitra, os quais compartilho, nos faz realmente pensar diferente. Os maiores ensinando os menores. Os menores questionando os mais velhos e instigando-os a buscar respostas. Por que não?

As tecnologias estão à disposição para novas experiências de ensino-aprendizagem mas, antes de qualquer coisa, é preciso mudar o olhar. Ousar. Arriscar passos novos. Enxergar o que está acontecendo e, a partir daí, dar forma às novas maneiras de se aprender, tendo como base novas premissas. E aí sim, gerir um novo negócio chamado, quem sabe, “escola”.

(artigo a ser publicado na edição de agosto da Revista Gestão Educacional)

quinta-feira, maio 02, 2013

Estudos no Exterior

Seguir em frente, após a conclusão do Ensino Médio é sempre um divisor de águas na vida de qualquer estudante. E também para suas famílias, pois o custeio de uma boa universidade não é desprezível. Com o movimento de globalização e integração entre povos e nações, e a crescente demanda por uma formação mais universal e consistente, mais ampla e diversificada, fazer um curso no exterior está deixando de ser uma  utopia para se tornar uma realidade. Melhor ainda se isso puder ser feito com uma bolsa de estudos.

É sabido que as universidades americanas, por exemplo, têm grande interesse em estudantes que praticam e se destacam nos esportes, atraindo-lhes com a oferta de subsídios na forma de bolsas para que integrem os seus quadros.

Para atender a esse nicho de estudantes, o mercado de viu surgir empresas especializadas em fazer a ponte entre essas universidades e seus candidatos, buscando oportunidades lá fora e preparando os alunos para essa investida. É o caso das empresas mineiras, Daquiprafora e Newwfit4Training.

Numa parceria inteligente, estas empresas estabelecem o contato com as universidades de acordo com o perfil de cada estudante e a modalidade esportiva que praticam. Enquanto isso acontece, um material de apresentação do aluno é preparado, com vídeos e outros conteúdos, de maneira que os treinadores das universidades interessadas possam avaliar o potencial atlético e curricular desses candidatos.

Na outra ponta, a NewFit disponibiliza um programa de treinamento físico que prepara o estudante para a melhoria da prática no esporte escolhido, assim como estabelece simulados dentro dos mesmos padrões e critérios utilizados pelas universidades americanas, deixando-os mais aptos à aprovação nos processos seletivos de ingresso.

Dessa maneira, a possibilidade de formação mais ampla, tão requerida pelo mercado de trabalho, passa a ser uma nova realidade para os estudantes. Por outro lado, aderir a um programa como este pode ser o grande diferencial que a escola pode agregar para dar ao estudante uma solução de continuidade acadêmica, aliada à prática esportiva, à vivência de outras culturas e realidades, além de uma preparação mais globalizada. Formar cidadãos para um mundo cada vez mais integrado, requer práticas diferentes de aprendizagem e interação com outros idiomas, costumes e realidades.

Veja a seguir o folder da parceria. Em breve, comentarei mais sobre o projeto de integração com as escolas. Se você quiser saber mais, entre em contato com o telefone que aparece no folder ou me mande um email: marcelofreitas@yahoo.com .



Concursos Públicos

Um programa interessante foi criado pela NewFit para quem vai prestar concurso público. É um misto de  preparação física para as provas e a realização de simulados especiais. O projeto nasceu de uma parceria com a empresa Raquel Cesário, que mantém cursos preparatórios para concursos. Veja a chamada no folder e conheça o programa.



segunda-feira, março 11, 2013

Novas experiências... novas demandas

Os Consumidores Virgens

Cada dia que passa novos produtos e serviços são lançados no mercado. Nunca os consumidores tiveram tanto acesso a novidades numa velocidade tão grande. Diante disso, surgiu a expressão "Virgen Consumers". Ela caracteriza aquelas incontáveis "primeiras vezes" que cercam o relacionamento com as marcas, serviços e produtos.Nessa avalanche de novidades, a maioria das pessoas, você inclusive, se depara no dia a dia com a falta de conhecimento sobre essas marcas, produtos e aplicativos. Diante delas, você é um consumidor virgem.

Nessa onda, vários mercados e demandas vão surgindo, baseadas nos questionamentos desses consumidores e no conhecimento que as empresas passam a ter dos seus hábitos de compra ou mesmo das suas necessidades não atendidas. Aqui no Brasil, com o envelhecimento da população, a preocupação com a saúde vem crescendo rapidamente, desde a primeira fase da vida até a mais madura "melhor idade". Isso envolve tanto a lida com a obesidade infantil, de maneira preventiva, até o cuidado especial demandado pelos obesos, cardiopatas, hipertensos etc.

Com base nesse ambiente, firmamos  recentemente uma parceria interessante com a NewFit Training, um genuíno case de marketing. Trata-se de um estúdio voltado para o treinamento especializado de públicos específicos, direcionado para os objetivos de cada cliente, de maneira totalmente individualizada. Um alinhamento prefeito com as novas tendências de consumo. Sua proposta é direta, logo no primeiro contato:


"Se você vier à Newfit para perder 20 quilos, seja para aliviar a dor nas costas ou para tornar a sua experiência esportiva melhor, nós levamos a sério o seu objetivo.
Aqui você vai trabalhar com as ferramentas mais interessantes que estão disponíveis. Vai ser divertido, às vezes, mas o nosso objetivo não é entreter - é ajudá-lo a chegar ao seu objetivo o mais rápido e seguramente possível.
Você nunca será repreendido ou menosprezado, ou colocado em uma posição onde possa se ferir, mas você vai ser intensamente desafiado. O resultado é que, em pouco tempo, você vai se sentir - e se olhar - melhor."

Conheça um pouco mais deste case acessando a nossa página "Programas Especiais", neste blog. Já sobre as tendências dos Virgen Consumers, uma dica é conhecer mais sobre o assunto na página http://www.trendwatching.com/pt/trends/virginconsumers/

terça-feira, outubro 30, 2012

2013... Cenário da educação

O mercado educacional em 2013

Penso que o segmento educacional está experimentando uma forte consolidação em termos de grandes grupos e que isso deverá continuar em 2013. Nesse aspecto, ganham destaque a profissionalização dos gestores e a busca por executivos e profissionais cada vez mais preparados para lidar com a escola como um negócio. Novas profissões e especializações também estão aparecendo e isso transforma a função dos gestores de RH, elevando-os ao patamar das decisões mais estratégicas.

Outro ponto importante é a corrida do ouro no setor público. Várias empresas já identificaram o potencial desse segmento, até então desprezado por uma fatia do mercado, numa possibilidade de novos negócios. Para vc ter uma ideia, eu mesmo acabei de escrever um projeto para uma grande editora internacional que será lançado em breve e é voltado para as secretarias de educação de pequenos municípios. Além do projeto, escrevi toda a metodologia e os livros guia, sistema de avaliação e o software do programa, totalizando 14 volumes. Então, acredito que esse será um setor importante.

Outra questão relevante está dentro das salas de aula. Entendo que começamos a passar por um ajuste entre os atuais modelos de ensino-aprendizagem e as novas demandas da sociedade. Existe um grande descompasso aí. Se por um lado já temos alguns recursos como tablets e lousas interativas em grande parte das escolas do país, por outro falta método, professores e novos conceitos educacionais para aproveitar todo esse potencial. Precisamos reinventar a escola. Não cabe mais ajustes e maquiagens.

Finalmente, uma questão que venho debatendo em congressos e consultorias diz respeito à necessidade de encontrar novas formas de sustentabilidade para o negócio chamado escola. Já é possível termos aulas gratuitas de renomadas universidades globais, como a Harvard, Yale, Universidade de Paris e tantas outras. E o nosso modelo atual ainda se sustenta pela receita de mensalidades. Até quando?

terça-feira, setembro 04, 2012

Microtendências

O novo comércio

Para quem vive com intensidade o espírito empreendedor, ficar antenado às tendências de mercado é fundamental. Gostaria de partilhar com os colegas e leitores deste blog 12 microtendências que podem iluminar o caminho dos mais ousados inovadores de plantão.

Clique no link a seguir e boa viagem.

http://trendwatching.com/pt/trends/minitrends/#techdomestics

segunda-feira, julho 16, 2012

Educação e rupturas necessárias

As rupturas necessárias

Já faz um tempo que venho defendendo um ponto de vista: a Educação e os processos de ensino e aprendizagem necessitam de uma reinvenção. Vejam bem: eu disse reinvenção. Não se pode pensar mais em melhorias. É necessário romper com tudo e com todos os paradigmas de um processo que foi baseado numa cultura vigente no século XIX. Talvez tenha sido mesmo eficiente naquela época. Agora não é mais.

Nessa mesma lógica de raciocínio, encontrei uma palestra genial, de um cara muito antenado nisso tudo. Chama-se Ken Robinson. Quem segue o meu twitter teve a oportunidade de ver uma das palestras dele. Quem segue este blog tem a chance de ver outra. Muito interessante, mesmo! Confira...




Quem quiser a transcrição da palestra, em português, pode também acessar o site pelo link:

http://www.ted.com/talks/sir_ken_robinson_bring_on_the_revolution.html

segunda-feira, julho 09, 2012

Tablets na sala de aula

O que fazer com o meu tablet?

Tenho visto um movimento significativo no sentido de levar a tecnologia para as salas de aula. Esse movimento, entretanto, ainda tem seu foco na infraestrutura, ou seja, nos equipamentos. O fato é que isso é apenas o começo do processo. A grande maioria dos nossos docentes não sabe mesmo o que fazer com eles, quando o recebem.

Escrevi um artigo para a revista Gestão Educacional sobre o assunto e gostaria de compartilhá-lo com você, caro frequentador desse blog.



O que eu faço com o meu tablet?

Por Marcelo Freitas

Tenho certeza de que a pergunta do título é uma daquelas que a maioria dos professores gostaria de fazer ao receber esse objeto de trabalho “modernoso”, das mãos do diretor da escola. Isso mesmo... ferramenta de trabalho. Evidente que nem todas as escolas ainda incorporaram o equipamento às suas práticas educativas e, assim, nem todos os professores ficaram de saia justa. Ainda.

Depois de muitos e muitos anos, a tecnologia que batia à porta das escolas recebeu permissão para entrar. Não que tenha sido fácil. Acredito mesmo que quem girou a maçaneta foram os alunos e aí...

O fato é que agora esses equipamentos estão pousando nas mesas e carteiras das salas de aula. Bom? Certamente. Eficaz? Ainda é cedo para dizer. Isso porque o equipamento é apenas o meio e não o fim do processo. Para que seja de fato eficaz é preciso que os professores saibam operá-lo com maestria. É fundamental que saibam extrair dele o melhor e, principalmente, que definam que conteúdo será colocado lá dentro e o que fazer com ele na sala de aula.

A equação não é fácil. Se o processo de encaixá-lo no material didático está sendo parcialmente “resolvido” pelas redes de ensino (embora a maioria tenha apenas digitalizado seu material apostilado e depositado no equipamento, substituindo a papelada pelo conteúdo em bits e bytes), a maneira com que será utilizado em todo o seu potencial ainda é uma questão a descoberto.

A nova mídia requer outros conceitos de aprendizagem e novas metodologias de apresentação dos conteúdos, centradas nas hipermídias. Não é apenas a transposição do papel para a telinha. Isso não funciona. É preciso dar dinâmica aos conteúdos, manter o pique multitarefa dos alunos. Envolver e mesclar vários temas simultaneamente. Fazer essa geração de antenados manter a concentração não é mole.

E nesse aspecto o que se vê é uma carência conteúdos concebidos para o uso pedagógico nas mídias digitais. Não é por acaso que as aulas no YouTube fazem tanto sucesso, com milhões de acessos. Mas é preciso pensar maior. É importante explorar, e integrar, não somente as possibilidades de tablets e notebooks, mas também dos celulares. Eles são uma poderosa ferramenta para a aprendizagem. Fazer pequenas tarefas ou jogar em rede com os colegas pode ser uma fonte inesgotável a explorar. E para isso não basta apenas o conteúdo. É preciso forma, interatividade, criatividade, desafio.

Nesse particular, os jogos saem na frente. Se aproveitados com imaginação, eles podem se transformar numa excelente ferramenta de ensino. E é aqui que o papel dos educadores se torna fundamental. É deles que deve partir a iniciativa de transformar e adaptar o conteúdo dos currículos aos jogos e aplicativos. E isso pode ser feito de imediato, pois existe uma enormidade de games nas prateleiras das grandes livrarias capazes de preencher espaços significativos na aquisição de habilidades e competências.

Um exemplo? SimCity. Esse famoso game é a simulação de uma cidade em construção. Nela o jogador assume a posição de prefeito e, a partir daí, é colocado em contato com uma gama de situações e problemas. Já imaginou que potencial de aprendizagem para competências e habilidades como planejamento, tomada de decisão, gestão de recursos, definição de prioridades etc...etc.... ? E em relação aos conteúdos específicos, como geografia e matemática?

Na linha dos simuladores, existe ainda uma infinidade de outros títulos que podem ser trabalhados na perspectiva multidisciplinar, envolvendo desde a gestão de clubes de futebol e basquete, até simuladores de vôo e construção de ferrovias, passando por jogos de estratégia e conhecimento. Enfim, um mundo de opções a explorar.

No frigir dos ovos, não está faltando tanto assim. Falta apenas mais criatividade para sair da mesmice. Educadores, segurem suas manetes e boa viagem.



quarta-feira, março 14, 2012

Inovação melhora

O Brasil está mais inovador?


Interessante uma pesquisa recente realizada pela GE com 2,8 mil executivos de 22 países, o Brasil inclusive (200). Para a maioria deles, nosso país está mais inovador. Veja o que eles pensam:

  • 80% dos entrevistados acreditam que pequenas e médias empresas e indivíduos podem ser tão inovadores quanto grandes empresas;
  • Para 74% dos executivos inovação precisa ser dirigida para atender a necessidades específicas de um mercado;
  • Já para 73% desses executivos, inovação é mais impulsionada por pessoas criativas do que por pesquisas científicas;
  • No geral, 80% dos entrevistados afirmam que o ambiente de inovação melhorou nos últimos cinco anos.
O Brasil apresentou-se num grupo de "muito otimistas", que considera que a inovação irá se converter em melhorias na vida das pessoas. Por outro lado, consideram que o ambiente da inovação em nosso país é desfavorável, ao contrário da China, onde a maioria entende esse ambiente como muito favorável à inovação. Índia e Estados Unidos se apresentaram como países onde o ambiente de inovação é "balanceado".

Mas, se estamos de fato melhorando, quem está gerando essas inovações?

quinta-feira, março 01, 2012

EAD

Perfil do aluno no Brasil

Interessante para quem está no segmento educacional e, principalmente para aqueles que pretendem se lançar nele. O segmento de Educação à Distância é um dos que mais cresce no país e vem criando alguns nichos de oportunidade. Um deles, o sustentado pelas novas classes C e D.

Confira o perfil do aluno, segundo dados do INEP, e tire suas próprias conclusões.




terça-feira, janeiro 17, 2012

Gestão de Pessoas

Gestão de Pessoas:
O processo começa antes...
Dia desses fui procurado por um grupo de gestores educacionais de Curitiba para que pudesse elaborar um plano de carreira e remuneração, baseado em competências, direcionado ao seu corpo docente. O contato me foi dos mais alvissareiros, uma vez que se trata de uma ferramenta moderna de gestão de pessoas. Melhor ainda foi que a demanda partia de um segmento caracterizado pelo atraso na utilização de instrumentos profissionais de gerenciamento.

Parti então em direção à capital paranaense para um primeiro contato. Lá me encontrei com o grupo de 4 dirigentes educacionais e demos início à nossa primeira reunião. Fui logo perguntando: vocês sabem o que é e o que significa uma gestão baseada em competências? Um silêncio gritante veio primeiro . Depois um uníssono “NÃO”. Na minha cabeça uma luz de alerta logo se acendeu! Fui então buscando mais informações sobre “o quê”, especificamente, havia originado a demanda. Que necessidades precisavam ser atendidas? Que problemas estavam enfrentando, enquanto gestores, que os teria feito pensar num plano de carreira e remuneração baseado em competências?

Passada a primeira hora de reunião, eram inúmeras as respostas: aumento da concorrência; excesso de pessoal; muitos professores para poucas disciplinas; pequena contribuição nos resultados; perda de alunos, etc...etc...etc. Chegamos, portanto, à conclusão, de que a instituição na verdade prescindia de mais que uma ferramenta de gestão de pessoas. Na verdade o plano de carreira seria apenas a conseqüência natural de uma série de medidas que deveriam ser tomadas antes de sua implantação.

A necessidade de melhor organizar a gestão dos Recursos Humanos está presente em qualquer ramo de atividade. No segmento de prestação de serviços, especificamente, assume ares estratégicos, uma vez que as pessoas são o maior componente de custos do negócio. Nas escolas todos sabemos o peso de uma folha de pagamentos e o que significam as despesas com pessoal, como componente dos custos operacionais.

Mas a questão principal é que, assim como a instituição aqui citada, a maioria das organizações do segmento educacional não possui um sistema de gestão integrada, onde os processos se encontrem devidamente alinhados com as estratégias de negócios estabelecidas pela alta direção. Por isso mesmo é fácil encontrarmos ações que, em muitos casos, caminham em direções opostas. De nada adianta estabelecer um sistema de remuneração baseado em competências se a instituição não tem claro onde pretende chegar. Em outras palavras, a partir dos objetivos almejados é que se busca desenhar quais as competências organizacionais serão necessárias para se chegar lá. Definidas em escala corporativa, essas competências servirão para estabelecer qual a estrutura necessária e as funções que devem compô-la. Só nesta etapa é que as competências específicas dos ocupantes dos cargos são delineadas.

Como se percebe, é primordial que todo o processo de gestão e, por conseqüência, as ferramentas necessárias para o seu acompanhamento, devem partir do planejamento estratégico institucional. Esse instrumento deve ser bem focado, definindo objetivos bem claros a partir de uma consistente análise dos ambientes interno e externo da escola.
Uma vez elaborado, permite aos gestores estabelecer e tornar conhecidas as políticas de gestão, nas suas diversas esferas (financeira, mercadológica, de Recursos Humanos, qualidade, responsabilidade social, etc.). Nessa perspectiva, cada uma das áreas pode selecionar as ferramentas mais adequadas ao atingimento dos seus objetivos, sempre em consonância com as estratégias gerais.

O passo seguinte é a elaboração dos planos de ação. Objetivos e metas departamentais e individuais são estabelecidas, de maneira que cada área e cada componente da equipe saiba o que dele se espera. Nessa fase é importante não se esquecer de criar os indicadores de performance. Eles não só permitirão fazer o acompanhamento sistemático da evolução do processo, como fornecerão as âncoras necessárias à introdução de planos de remuneração e benefícios baseados em resultados. Boas políticas de recompensa devem partir de indicadores institucionais para assegurar a coerência com os propósitos estratégicos de crescimento e manutenção. O resultado de tudo isso é um grande alinhamento entre os objetivos institucionais e profissionais, garantidos por ferramentas de gestão eficazes e consistentes.

Voltando à nossa reunião de Curitiba, ao seu final, o grupo chegou a um consenso: começar a caminhada dando o primeiro passo. A equipe trabalha hoje na formulação do seu planejamento estratégico sem, contudo, perder de vista a gestão ordinária. Medidas de contenção de custos continuam na pauta do dia. A diferença é que, a partir do início dos trabalhos já se consegue tomar decisões visando o médio e longo prazos e não apagando incêndios. Afinal de contas, trata-se de uma instituição educacional e não do Corpo de Bombeiros.

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Educação lá fora...

Alguma novidade?

Os movimentos de inovação são lentos quando se trata de gestão educacional. Mas lá fora algumas coisas novas estão acontecendo.



Tive a oportunidade de assistir a um vídeo da IBM, cerca de vinte anos atrás, sobre as perspectivas de inovação na área de tecnologia. Uma das cenas que mais me marcou era a de um alemão que entrava numa espécie de cabine telefônica e começava a conversar com um árabe, do outro lado do planeta. Havia um dispositivo holográfico que projetava a imagem do interlocutor, colocando-os frente a frente. Cada um deles falava em seu idioma nativo. A tradução da conversa era feita em tempo real pela "cabine" e, ao final do encontro, havia a opção de imprimir todo o diálogo, ali mesmo.

O que parecia coisa de ficção naquela época começa a ser bem palpável por esses novos tempos... Empresas como Microsoft, Google e Yahoo já testam programas de tradução simultânea de voz e estão muito próximos de chegar a um dispositivo que possa ser utilizado em escala comercial.

Citar exemplos como esse na educação, um segmento onde as práticas se perpetuam há séculos, entretanto, seria no mínimo, estranho. Se nos conceitos e na metodologia há poucas novidades, o que dizer então da incipiente tecnologia de negócios dessas instituições? Já não é de hoje que os especialistas vêm afirmando que no segmento educacional o que não falta é espaço para inovar, principalmente em se tratando de gestão ou de modelo de negócios.

Nesse quesito, aprender com as experiências diversas é um bom exercício de auto-ajuda. Em termos de gestão, ao contrário do que acontece na educação, uma boa prática é “colar” o que está dando certo em outras empresas e adaptar às suas próprias atividades. As empresas, não raras vezes, utilizam-se dessa “colinha” para passar na prova do mercado consumidor. Copiam o que outras fizeram de acertado e, com isso, ganham terreno na busca por melhor oferta de serviços e produtos.

Pensando assim, decidi partilhar com os gestores educacionais uma pitada do que vem acontecendo em outros países. São mudanças de conceitos, quebras de paradigmas e avanços interessantes na busca da adequação dos serviços educacionais ao novo, rápido e mutante ambiente que uma população interconectada propicia, em escala mundial.

Neste artigo comentaremos sobre um modelo de negócios que vem sendo usado no ensino superior. A acirrada concorrência dentro de seus próprios mercados está fazendo com que as grandes universidades busquem alternativas para abrir, ou ocupar, novos nichos e mercados potenciais. Daí que várias delas partiram para a implantação de um modelo de organização que não é novidade em outros segmentos, mas que não é usual em termos de instituições educacionais: os “campi offshore”. Segundo um relatório recente, do Observatório de Ensino Superior Sem Fronteiras (OBHE), de 2002 até setembro de 2009, o número de universidades offshore, no mundo, aumentou oito vezes.

Trata-se de uma alternativa importante dentro da estratégia das universidades, considerando o panorama global da educação. A proposta é oferecer aos estudantes o diploma de uma universidade de reputação internacional, sem que eles precisem deixar o seu país ou a região do mundo onde habitam.
Se do ponto de vista da redução de custos associados a questões como “vistos”, viagens e estadia é de uma vantagem óbvia para os estudantes, para as universidades estrangeiras representa uma nova alternativa de fontes de receita, consolidação da marca e aumento de market share, além de garantir, indiretamente, um fluxo marginal de alunos para outros cursos da instituição, no país de origem.

Se em nações como o Reino Unido e a Austrália a estratégia de campi offshore tem partido das instituições, em outros casos o incentivo ao modelo tem sido proposto pelos próprios líderes governamentais dos países de acolhimento. Um bom exemplo dessa política de suporte aos grandes centros educacionais offshore está no Oriente Médio e Cingapura. Nessas regiões os governos locais têm apoiado fortemente a entrada dessas universidades, como forma de melhorar o nível de oferta de ensino superior. Só nos Emirados Árabes Unidos, existem atualmente 40 campi offshore.

Mas há também, nesse movimento, um aspecto singular de atratividade, no tocante a nichos de clientes bem específicos. Imagine que na Universidade John Cabot, uma faculdade de artes liberais americana, criada na Itália em 1972, 80 por cento do corpo discente no campus de Roma vem dos Estados Unidos. É que os estudantes americanos optam por estudar lá devido à excelência acadêmica e a fantástica localização, no caso, em Roma. Ou seja, jovens americanos viajam ao exterior para conhecer novas culturas mas garantem o ensino de primeira linha do seu próprio país, em território estrangeiro.

Além de acolherem esses estudantes, algumas universidades como a Hult International Business School - com base no E.U.A. e com campis offshore em Londres e Dubai, desde 2008,- viram sua popularidade aumentar junto aos estudantes americanos, pois a existência dos campi permite-lhes tomar o primeiro semestre de seus estudos no exterior e ainda voltar à cidade de origem para terminar seu grau de formação.

Um dos pontos de atenção, entretanto, deve ser a manutenção da qualidade. Na Malásia, a Universidade de Tecnologia Swinburne Sarawak Campus - estabelecida em 2000 - tem colocado um grande esforço para assegurar que os padrões de qualidade correspondam aos do país originário, a Austrália. Outro cuidado a ser tomado é garantir que os programas oferecidos em universidades e campus offshore obedeçam às normas impostas por autoridades competentes, tanto no país de origem quanto no de acolhimento. Essa medida visa assegurar que a titulação mantenha o padrão para além das fronteiras do país. Para isso, algumas instituições têm usado da “acreditação”. Todas as provas escritas na África do Sul Monash Campus são externamente moderadas pela Universidade Monash, na Austrália. Há uma grande quantidade de comunicação permanente entre os campi.

Em síntese, para a maioria dos campi universitários, o principal apelo de venda é a reputação internacional que detêm para fornecer uma escola de primeiro mundo e de qualificação reconhecida.

Mas como em todo processo de inovação, nem tudo são flores. O próprio relatório da OBHE identifica cinco campi offshore que tiveram suas atividades encerradas nos últimos três anos. As limitações sobre as instalações e os recursos disponíveis em um campus offshore podem ser um fator limitante, principalmente nos primeiros anos. Nesses casos, no período inicial, essas instituições só foram capazes de oferecer uma gama limitada de cursos.

Um tempo significativo de prospecção e pesquisa de mercado é necessário para atender à demanda. Variáveis como as condições econômicas também desempenham um papel preponderante no sucesso ou fracasso da empreitada.

Voltando às fronteiras tupiniquins e a sua inserção nesse novo ambiente de negócios, como as nossas instituições de ensino superior se prepararam, ou estão se preparando, para uma nova onda de concorrência vinda de fora? O período de consolidação interna continua e será preciso muita massa muscular para suportar uma disputa de mercado com as renomadas universidades internacionais. Temos fôlego, recursos e tempo para nos preparar para a batalha?

Antes tarde do que nunca...

terça-feira, outubro 18, 2011

Responsabilidade Social

Pergunte ao sindicato



Greve de professores da rede pública. Paralisações. Em Belo Horizonte, o ano letivo de 2011 só vai terminar em 2012. O fluxo regular se normalizará apenas em 2013, segundo informações das autoridades responsáveis pela Educação, no estado.

Situações como essa se repetem, com freqüência, nas mais diversas cidades do país. São ações dos sindicatos profissionais para a melhoria salarial dos professores. É a luta pela manutenção dos chamados “direitos adquiridos”. Benesses outrora conseguidas.

Quem embarca no argumento dos sindicatos dos profissionais da educação, de que os tais movimentos paralisantes acontecem por serem fruto da luta pela melhoria da educação no país, engana-se redondamente. Conversa fiada. Todo sindicato existe para defender os interesses dos seus associados. Caso contrário, sua existência não se justifica, na sua essência. Não é diferente com os professores. O seu sindicato está ali para defender e preservar os seus próprios interesses. E é legítimo que assim seja, afinal, a classe se une para pleitear melhor remuneração pelos serviços prestados.

Tudo isso seria bastante pertinente, acredito, se estivéssemos diante de uma educação de qualidade, fruto da competência do sistema e dos seus profissionais. Entretanto, esse não é o caso. Encontramo-nos frente a um dos piores sistemas educacionais do planeta. Estamos falando da péssima qualidade das nossas escolas.

Acontece, porém, que o propósito de um sindicato é defender os interesses da maioria dos seus associados. O que também é legítimo. Daí surge então, o problema. Como empunhar a flâmula da meritocracia, se na categoria impera a baixa formação, o atraso e o nivelamento da maioria se dá num nível tão rasteiro? Não é preciso ser muito esperto para sabe que, ao fazer isso, o sindicato estaria dando um tiro no próprio pé, posto que grande parte dos seus associados teria rebaixada remuneração ou ficaria à margem do mercado de trabalho. Por isso justifica-se a bandeira do valor-hora igual para todos.

Ao fazer isso, entretanto, o sindicato atira no outro pé. Os melhores profissionais, ou aqueles potencialmente bons, afastam-se da carreira docente. A atratividade da carreira cai. Se a categoria não permite remunerar melhor os melhores, por que razão um profissional acima da média deveria lecionar? Isso é deixado para aqueles que não vislumbram perspectiva em outras atividades e, lecionando, pelo menos têm um piso onde se escorar. Evidente, nesses exemplos, que não podemos generalizar... Toda a regra tem exceções.

O fato é que, em decorrência de “bandeiras” como essa milhares de crianças se vêm lesadas no seu direito ao aprendizado. O verdadeiro interesse de centenas de jovens em ter uma educação de qualidade é colocado de lado em troca da manutenção de benefícios que privilegiam e perpetuam uma educação de péssima qualidade, como a nossa. E ainda existe quem caia na fajuta desculpa de que o salário dos professores é baixo, por isso o nível de educação é das piores. Mas, o que esses profissionais têm dado à sociedade, em troca de melhor remuneração? Que nível de serviços têm prestado aos educandos? E se o salário é baixo, por que não foram buscar outra atividade? É preciso avaliar essas questões com relatividade e objetividade.

Apenas a título de exemplo, enquanto em países como a Finlândia um professor para ser aceito numa escola de educação básica precisa passar por um rigoroso exame de seleção e carregar no currículo o título de “mestre”, como pré-requisito, no Brasil isso não é exigido e apenas 2% dos docentes nesse nível possuem mestrado. Não basta, portanto, ter boa vontade e um ideal. É preciso ter competência, acima de tudo.

Nesse contexto, a posição dos sindicatos é confortável. Transferem responsabilidades e se colocam numa posição de salvadores da pátria. Seria muito bom, então, se todos os cidadãos que, de uma forma ou de outra, sofrem as conseqüências de uma formação de tão baixo nível, questionassem essas entidades que se dizem preocupadas com a educação no país sobre questões como essas:

• O que têm feito para melhorar a qualidade dos profissionais que representam?

• Quantos cursos, escolas e universidades já abriram ou com os quais já estabeleceram algum tipo de parceria para formar professores de qualidade?

• Em que ações de capacitação e pesquisa têm se envolvido na busca da melhoria das nossas escolas?

• Quais ferramentas de estímulo à meritocracia dos seus afiliados têm avaliado e colocado como pauta nos seus acordos coletivos?

• Onde estão os incentivos àqueles que realmente fazem a diferença?

• O que têm feito para tornar a categoria atraente para profissionais em nível de excelência?

• Por que não instituem a certificação profissional como forma de melhorar a qualidade dos docentes em formação e daqueles que já estão no mercado de trabalho?

• Por que não estimulam nos seus acordos coletivos a obrigatoriedade de avaliações de desempenho formais nas escolas, principalmente as da rede pública?

• E finalmente, por que cargas d’água não defendem processos seletivos rigorosos para o ingresso na rede pública, com testes periódicos de avaliação de competência?

A resposta a essas perguntas me parece óbvia. Não agem assim para não jogarem contra a categoria, cujos interesses defendem. Seria incoerente se assim não fosse. Entretanto, o mundo se integra cada vez mais e seria oportuno darem uma olhada além do próprio umbigo. Entender que essa integração está proporcionando aos estudantes outras opções de aprendizagem, que fogem ao território defendido pelos sindicatos.

Nossos professores, seus afiliados, não competem mais por empregos apenas entre si. Eles entraram numa competição global. Docentes daqui ganharam adversários de peso. Profissionais de países onde a educação é realmente boa. E eles estão a um click de distância. Ou, quando nada, esses profissionais vão se deparar com níveis de exigência cada vez maiores, trazidos por grupos educacionais estrangeiros, que encontraram no Brasil um vasto território educacional, ainda em busca de qualidade. São padrões de excelência diante dos quais nossos profissionais ficam a comer poeira.

Então, caro leitor, caro profissional de educação, se você quer mesmo uma educação de qualidade, comece por pressionar e exigir melhorias no padrão de qualidade do sistema e dos seus agentes. Comece a questionar seus representantes, meu caro docente, sobre quais as estratégias de melhoria da SUA qualificação estão direcionando a atuação da entidade que dirigem e pautando suas ações. Em suma... Pergunte ao sindicato!